O Brasil é o único país do mundo em que povos tradicionais ainda se mantem isolados e muito pouco se sabe sobre mais de 220 grupos étnicos que se distribuem em milhares de aldeias por todo o território nacional. Diversos idiomas, crenças e costumes distinguem os povos indígenas das demais etnias que juntas formam a nação brasileira, mas que em sua maioria são desconhecidos gerando um desencontro cultural que se transforma em preconceito e conflitos.
Vamos conhecer um pouco sobre alguns povos indígenas que compõem esse mosaico cultural brasileiro.
Vamos conhecer um pouco sobre alguns povos indígenas que compõem esse mosaico cultural brasileiro.
Povo GUARANI M'BYA
Foto 1: Milton Guran, 1988
Os Guarani são o povo originário da região sul e sudeste, desde o Mato Grosso do Sul ao Rio Grande do Sul, com população também nos países vizinhos como a Argentina, Bolívia e Paraguai.
Seu canto forte e poderoso é passado de geração a geração, desde que Nhanderu criou o mundo e todas as coisas. Reúne o povo no Opy, Casa de Rezas e com o ritmo do mbaraká (chocalho) e a fumaça do Petynguá, cachimbo cerimonial, ajuda a manter o céu suspenso.
Os cantos tradicionais são de reverência ao Criador, agradecendo pela vida e pedindo iluminação para o espírito seguir seu caminho até encontrar a Terra Sem Males.
As crianças cantam juntas, com a força de seu coração puro ao som dos instrumentos - o mbaraká, o violão,a rabeca. Os movimentos da dança completam o canto, fortalecem e preparam o corpo. a fumaça do cachimbo tradicional sobe para céu estabelecendo a comunicação com os espíritos.
Língua: Guarani - tronco Tupi Guarani
Tempo de contato: 500 anos
Povo KARAJÁ-INY
Foto 2
O povo Iny é o povo das águas. Compartilham o Rio Araguaia com os outros seres da natureza desde que os ancestrais, curiosos com o mundo desconhecido que havia além de um orifício na superfície da água, deixaram as profundezas do rio e atravessaram para este mundo.
Toda a vida e história do povo Iny está diretamente ligada ao Araguaia e ao seu mito de origem: a localização das aldeias, a posição das casas, as cerimônias e as festas. Os dois círculos tatuados nas maçãs do rosto - o omarura - são expressão da identidade do povo Karajá.
Seu canto forte e melodioso alegra os ancestrais, os seres mágicos do rio, mantém o equilíbrio da comunidade, introduz as novas gerações nos ensinamentos da tradição. Assim os Iny-Karajá preservam os ensinamentos dos ancestrais enquanto buscam formas de convivência com a sociedade brasileira.
Aruanã e Hetohoky são as principais cerimônias. O Hetohoky - a Festa da Casa Grande - é o rito de passagem dos meninos para a fase adulta, quando os homens pintam o corpo com jenipapo, usam plumas de pássaros nas pernas e braços e um cocar em forma de grande círculo com penas brancas, pretas e rosa - o ahetô.
O Aruanã é a cerimônia dos espíritos das águas. Pode acontecer junto com o Hetohoky como em separado. Os homens que incorporam os espíritos cantam e dançam com o corpo coberto com máscaras de palha, tocando o maracá. Jovens meninas acompanham adornadas com plumas, braçadeiras, brincos e uma tanga de entrecasca de madeira pintada com grafismos tradicionais.
Língua: Karajá - tronco Macro Jê
Tempo de contato: aproximadamente 200 anos
Povo TREMEMBÉ
Foto 3: Carlos Guilherme do Valle, 1991.
Os Tremembé aparecem nos registros históricos desde o século XVI ocupando toda faixa litorânea desde o Pará até p Rio Grande do Norte.
Esse povo guerreiro, de caçadores, pescadores e coletores, foi perdendo seu território para os colonizadores e depois para os grandes empreendimentos da região. Mas, esse povo vem se reorganizando em torno de sua tradição, buscando unidade e força nos rituais do Torem, que se diferencia do Toré praticado por outros grupos do nordeste.
No centro da roda o mestre puxa o canto, o maracá dá o ritmo marcado pela batida forte dos pés no chão. O povo fecha a roda e dança respondendo ao canto numa língua que guarda palavras de um outro tempo. No centro da roda uma cuia de mocororó, bebida tradicional, feita de suco de caju fermentado, é servida aos participantes da cerimônia.
Língua: Português / Poromonguetá
Tempo de contato: 400 anos
Povo JENIPAPO-KANINDÉ
Foto 4
Os Jenipapo-Kanindé formam uma comunidade pequena no litoral do Ceará, mas guerreira. A pesca é a principal atividade, realizada o ano inteiro usando muitas técnicas e várias armadilhas de confecção tradicional. O caju também para a vida e a economia da comunidade, que prepara doces e a bebida fermentada Mocororó, usada nos rituais.
Vivem unidos, casam-se somente entre as pessoas do próprio grupo, nunca saíram de seu território, mesmo em momentos de maior dificuldade.
Língua: português
Tempo de contato: 400 anos
Povo PITAGUARY
Foto 5
O povo Pitaguary vive na região metropolitana de Fortaleza e sua economia se baseia fundamentalmente na agricultura, pesca e artesanato. A mata, com todos os seres mágicos que a povoam, suas ervas e plantas de cura, são o território para a vida e para o espírito. O poder dos pajés vem da mata e do contato com os ancestrais.
São descendentes dos Potiguara e buscam desde 1991 a afirmação de sua identidade e reconhecimento de seu território tradicional.
O Toré é um importante instrumentos de afirmação da identidade, de conexão espiritual e de luta por seus direitos.
Língua: português
Tempo de contato: 400 anos
Povo TAPEBA
Foto 6
O povo Tapeba vive nos arredores de Fortaleza muito antes lugar se tornar uma cidade.
O Toré é a expressão máxima para os povos indígenas dessa Terra da Luz, é a base cultural e espiritual que reúne o povo em torno de sua identidade, fortalece as raízes e a herança ancestral.
Os cantos do Toré são de reverência ao criador, agradecendo pela vida, pela colheita, pelas conquistas e pedindo iluminação para o espírito seguir o caminho neste mundo material. A dança traz leveza para o corpo e para a alma, paz e tranquilidade. Pacifica os espíritos maus e traz a energia da luz e do bem.
O povo Tapeba tem hoje um Centro de Produção Cultural onde o artesanato, sua história, sua culinária e arte estão reunidos como referência para o próprio povo e para afirmação diante da sociedade envolvente.
Língua: português
Tempo de contato: 400 anos
FONTES
PAPPIANI, Angela. Textos do Catálogo Rito de Passagem Canto e dança ritual indígena. IDETI: Cariri/Fortaleza, 2008.
OBS: Agradeço a Júlia de Jericoacoara por me ceder parte do material aqui postado.
Oi Ana,
ResponderExcluirGostei do blog e do conteúdo.
Seguindo e compartilhado.
Espero te ver seguindo o Travessia.
Um abraço.
Muito obrigado, Beth. Abraços.
ExcluirAna ,
ResponderExcluirMuito bom saber de tudo isso .
Quanta cultura , quanta informação sobre nossas origens .
Quanta diversidade também , mesmo entre os indios .
Lendo seu artigo , a gente percebe que sabe tão pouco sobre os indios .
Cada tribo tem sua identidade e costumes diferentes .
abs
Francisco
Obrigado, Francisco...eu sou apaixonada pelas populações indígenas de todo o continente, mas também me preocupa muito o fato de que no Brasil nossos povos originários são pouco conhecidos e alvo de muitos preconceitos. Um grande abraço.
ExcluirParabéns pelo post!
ResponderExcluirA alma do povo brasileiro é indigena apesar da maioria se envergonhar disto.
Eu me alegro e agradeço a Deus por ter no sangue e na alma a diversidade étnica deste país amado!
Que ótimo...muito obrigado!!! E viva a diversidade...Abs.
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