Nosso
blog visa divulgar conhecimento histórico, cultural e arqueológico a respeito
da América Latina, mas todos sabem que quem se propõe a realizar estudos sobre
Arte, em qualquer que seja a parte do mundo, necessita conhecer os preceitos básicos
da História da Arte Ocidental desde os tempos mais remotos até os dias atuais. Partindo
dessa premissa, resolvemos disponibilizar uma apostila que produzimos ao longo
do período em que ministramos algumas disciplinas de Arte em diferentes
universidades e que certamente não dá conta de todos os movimentos e suas especificidades, mas apresenta de
forma sintética as principais características. Esperamos com isso instigar o
gosto pela História da Arte. Bom estudo!!!
Vênus de Willendorf - Museu de História Natural - Viena - Áustria
Desenho rupestre - Serra do Cipó - MG - Brasil
ARTE
PRÉ-HISTÓRICA
Ø
Estendeu-se, aproximadamente, do
ano 7000 a.C. ao ano 2000 a.C. Começou ligada à vida seminômade dos
pastores e terminou com o descobrimento do bronze, iniciando-se, então, a era
homônima.
Ø
Os monumentos neolíticos mais
importantes são os dólmens e os menires (grandes pedras colocadas de pé, também
chamadas megalitos) como os da Bretanha, na França, e os grandes círculos de
pedras da Inglaterra, ou crómlech, cujo exemplo mais representativo é
Stonehenge (3000-1000 a.C.). Os dolmens e os menires são signos significativos
por representarem os primórdios da arquitetura no Ocidente. Na pintura
neolítica, predominam as formas esquemáticas, destacando-se o caráter simbólico
dos temas.
Mosaico mesopotâmico - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
ARTE MESOPOTÂMICA
Ø Conjunto de obras realizadas pelas civilizações do antigo Oriente
Médio que habitaram a região compreendida entre os rios Tigres e Eufrates,
atual Iraque, desde a pré-história até o século VI a.C. As terras baixas da
Mesopotâmia abarcam a planície fértil, porém seus habitantes tiveram que
enfrentar o perigo das invasões, as extremas temperaturas atmosféricas, os
períodos de seca, as violentas tormentas e os ataques das feras. Sua arte
reflete, ao mesmo tempo, sua adaptação e seu medo destas forças naturais, assim
como suas conquistas militares. Estabeleceram núcleos urbanos nas planícies,
cada um dominado por um templo, que foi o centro do comércio e da religião, até
que foi desbancado em importância pelo palácio real. O solo da Mesopotâmia
proporcionava o barro para o adobe, material de construção mais importante
desta civilização.
Ø Os mesopotâmicos também fizeram a cozedura da argila para obter
terracota, com a qual fizeram cerâmica, esculturas e tábuas para a escrita.
Conservaram-se poucos objetos de madeira. Na escultura, empregaram ainda
basalto, arenito, diorita, alabastro e alguns metais, como o bronze, o cobre, o
ouro e a prata, bem como o nácar e as pedras preciosas nos trabalhos mais finos
e de incrustação. Pedras como lápis-lazúli, jaspe, alabastro e hematitas foram
igualmente usadas nos selos cilíndricos, marca pessoal usada em
correspondências e documentos.
Ø A arte da Mesopotâmia abrange uma tradição de 4.000 anos que, em
estilo e iconografia, é aparentemente homogênea. De fato, foi criada e mantida
pelas ondas de povos invasores, diferentes tanto étnica como lingüisticamente.
Até a conquista pelos persas, no século VI a.C., cada um desses grupos fez sua
própria contribuição à arte mesopotâmica.
Coleção egípcia - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
ARTE
EGÍPCIA
Ø Edifícios, pinturas, esculturas e artes aplicadas do antigo Egito,
da pré-história à conquista romana no ano 30 a .C. A história do Egito foi a mais
longa de todas as civilizações antigas que floresceram em torno do
Mediterrâneo, estendendo-se, quase sem interrupção, desde aproximadamente o ano
3000 a .C.
até o século IV d.C.
Ø A natureza do país — desenvolvido em torno do Nilo, que o banha e
fertiliza, em quase total isolamento de influências culturais exteriores —
produziu um estilo artístico que mal sofreu mudanças ao longo de seus mais de
3.000 anos de história. Todas as manifestações artísticas estiveram,
basicamente, a serviço do estado, da religião e do faraó, considerado como um
deus sobre a terra. Desde os primeiros tempos, a crença numa vida depois da
morte ditou a norma de enterrar os corpos com seus melhores pertences, para
assegurar seu trânsito na eternidade.
Ø A regularidade dos ciclos naturais, o crescimento e a inundação anual
do rio Nilo, a sucessão das estações e o curso solar que provocava o dia e a
noite foram considerados como presentes dos deuses às pessoas do Egito. O pensamento,
a cultura e a moral egípcios eram baseados num profundo respeito pela ordem e
pelo equilíbrio. A arte pretendia ser útil: não se falava em peças ou em obras
belas, e sim em eficazes ou eficientes.
Ø O intercâmbio cultural e a novidade nunca foram considerados como
algo importante por si mesmos. Assim, as convenções e o estilo representativos
da arte egípcia, estabelecidos desde o primeiro momento, continuaram
praticamente imutáveis através dos tempos. Para o espectador contemporâneo a
linguagem artística pode parecer rígida e estática. Sua intenção fundamental,
sem dúvida, não foi a de criar uma imagem real das coisas tal como apareciam,
mas sim captar para a eternidade a essência do objeto, da pessoa ou do animal
representado.
Ø A escultura caracterizava-se pelo estilo hierático, a rigidez, as
formas cúbicas e a frontalidade. Primeiro, talhava-se um bloco de pedra de
forma retangular; depois, desenhava-se na frente e nas laterais da pedra a
figura ou objeto a ser representado. Destaca-se, dessa época, a estátua rígida
do faraó Quéfren (c. 2530 a.C.).
Ø A escultura em relevo servia a dois propósitos fundamentais:
glorificar o faraó (feita nos muros dos templos) e preparar o espírito em seu
caminho até a eternidade (feita nas tumbas).
Ø Na cerâmica, as peças ricamente decoradas do período pré-dinástico
foram substituídas por belas peças não decoradas, de superfície polida e com
uma grande variedade de formas e modelos, destinadas a servir de objetos de uso
cotidiano. Já as jóias eram feitas em ouro e pedras semipreciosas, incorporando
formas e desenhos, de animais e de vegetais.
Ø A arte na época de Akhenaton refletia a revolução religiosa
promovida pelo faraó, que adorava Aton, deus solar, e projetou uma linha
artística orientada nesta nova direção, eliminando a imobilidade tradicional da
arte egípcia. Deste período, destaca-se o busto da rainha Nefertiti (c. 1365 a.C.).
Ø A pintura predominou então na decoração das tumbas privadas. A
necrópole de Tebas é uma rica fonte de informação sobre a lenta evolução da
tradição artística, assim como de excelentes ilustrações da vida naquela época.
Coleção grega - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
ARTE
GREGA
Ø A arte e arquitetura desenvolvidas na Grécia e nas suas
respectivas colônias entre o ano 1100 a .C. e o século I a.C. Embora tenha
sua origem na civilização Egéia, sua evolução posterior a converteu em um dos
períodos artísticos mais influentes da cultura.
Ø A arte grega se caracterizou pela representação naturalista da
figura humana, não somente no aspecto formal, mas também na intenção expressiva
do movimento e das emoções. O corpo humano, tanto nas representações dos deuses
como nas dos seres humanos, desempenhou um papel fundamental na arte grega,
tendo sido associado aos mitos, à literatura e à vida cotidiana.
Ø Poucos exemplos intactos ou em seu estado original foram
conservados dos monumentos arquitetônicos e esculturas produzidos por esse povo
e, no âmbito da pintura, não são conhecidos grandes ciclos decorativos.
Entretanto, restam dessa época importantes vasos cerâmicos, moedas, jóias e
gemas, que, juntamente com as pinturas funerárias etruscas, oferecem algumas
pistas sobre as características da arte grega. Esses restos são complementados
com o relato das fontes literárias. Alguns viajantes, como o romano Plínio, o
Velho e o historiador e geógrafo grego Pausânias, viram com seus próprios olhos
muitos objetos artísticos que atualmente se encontram em péssimo estado de
conservação. Nos seus relatos, há informações acerca de alguns artistas e suas
principais obras.
Ø A principal função da arquitetura, pintura e escultura de
monumentos até aproximadamente o ano 320 a .C. era de caráter público,
ocupando-se de assuntos religiosos e dos acontecimentos civis mais importantes,
como as competições esportivas. Os cidadãos só utilizavam as artes plásticas na
decoração de suas tumbas e as artes decorativas, para a produção de objetos de
uso privado. O enxoval doméstico continha um grande número de vasilhas de
terracota pintadas e com acabamento sofisticado; as famílias mais ricas
possuíam vasilhas de bronze e espelhos. Em muitos objetos produzidos em
terracota e bronze havia pequenas figuras e baixos-relevos.
Ø A maioria das construções levadas a cabo pelos arquitetos gregos
foi feita em mármore ou em calcário, além de madeira e telhas, usadas na
cobertura dos edifícios. Os escultores trabalharam o mármore e o calcário,
modelaram a argila e fundiram suas obras em bronze. As grandes estátuas
votivas foram esculpidas em lâminas de bronze ou em madeira recoberta com ouro
e marfim. Algumas vezes, as cabeças ou os braços estendidos foram realizados em
separado e, posteriormente, unidos ao torso. A escultura em pedra e em argila
era total ou parcialmente pintada com pigmentos brilhantes. Os pintores gregos
colocavam pigmentos na água para pintar grandes murais ou vasilhas decoradas.
Os ceramistas modelavam suas vasilhas em tornos de oleiro e, quando elas
ficavam secas, poliam-nas, pintavam-nas e coziam-nas.
Ø No período arcaico, ao longo do qual o mundo grego estendeu-se
geográfica e economicamente, sua maior riqueza e os contatos com o exterior
fizeram com que esse povo criasse uma arquitetura e uma escultura de
características monumentais. Ambas foram feitas com o mármore e o calcário,
encontrados em abundância na Grécia. Os templos abrigavam imagens dos deuses e
eram decorados com esculturas e pinturas. A pintura teve também seu
desenvolvimento nas vasilhas, que foram importantes objetos de comércio. Na
escultura, destacam-se três tipologias: o jovem atleta (koúros), a
donzela vestida em pé (kórë) e a mulher sentada. Como exemplo,
destacam-se a Dama de Auxerre, o Torso de Hera de Samos (período
arcaico primitivo, c. 660 a .C.-580 a .C.), o Apolo
Piombino e o Koúros de Anavysos.
Ø Os templos mais importantes são o templo dórico de Posêidon em
Paestum (c. 450 a.C.) e o templo jônico em Éfeso. A decoração das
vasilhas cerâmicas com a técnica das figuras negras, que migrou de Corinto para
Atenas por volta de 625 a .C.,
foi combinada com o antigo estilo ateniense, maior e mais linear. Entre as
obras-primas desse período, estão o vaso François (560 a .C.),
realizado pelo ourives Ergótimos e o pintor Klítias, e a taça de Dionísio,
realizada por Exéquias.
Ø Os vasos decorados com a técnica de figuras vermelhas foram feitos
pela primeira vez no ano 530 a .C.,
por iniciativa do ceramista Andókides. Entre os pintores de vasos mais
importantes do final do período arcaico, destacam-se Douris e os pintores de
Brygos e Kleophrades.
Ø A arte grega do período clássico, desenvolvida entre as Guerras
Médicas e o final do reinado de Alexandre Magno, manteve-se totalmente
independente das influências estrangeiras, razão pela qual obteve uma grande
demanda em outros lugares.
Ø Entre os templos mais importantes, está o de Zeus em Olímpia
(meados do século V a.C.), projetado por Libón de Élis.
Ø A escultura se expressa com uma certa solenidade determinada pela
nova força e a simplicidade das formas. Entre os melhores exemplos, encontramos
as fachadas esculpidas do templo de Zeus de Olímpia, a Auriga de Delfos,
o Efebo de Crítio e a cabeça de Efebo ruivo. Nessas esculturas, a
postura frontal das figuras do período arcaico são substituídas por posições
mais complexas e atitudes mais naturais.
Ø Na pintura de vasilhas, as cenas de caráter simbólico e decorativo
foram substituídas de forma gradual por representações tridimensionais, como
nas pinturas de Pistoxenus e Penthesilea. As formas são mais nítidas, sugerem a
influência de Polignoto e oferecem mais informação de seu estilo artístico.
Ø O classicismo pleno se desenvolveu durante a segunda metade do
século V a.C., especialmente sob o patronato de Péricles, o estadista
ateniense. A arquitetura e a escultura de Atenas alcançaram então uma perfeição
raramente igualada. O escultor Fídias encarregou-se da supervisão dos trabalhos
da acrópole, lugar tradicional dos templos atenienses. Fídias e Policleto foram
os escultores mais importantes do período clássico médio. Fídias criou duas
estátuas colossais criselefantinas (gênero de escultura em ouro e marfim), uma
de Zeus em Olímpia, considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo, e
outra de Atena no Pártenon. Outro importante escultor foi Míron com o Discóbolo
e Palas Atenéia e Marsias.
Ø Os empreendimentos arquitetônicos diminuíram quando Atenas,
derrotada na guerra do Peloponeso, perdeu sua hegemonia política no âmbito
grego. Desse momento, destaca-se o mausoléu de Halicarnasso, a enorme tumba de
Mausolo, rei de Cária (c. 376 a.C.-353 a .C.).
Ø A escultura do último momento desse período foi dominada por
Lisipo, Praxíteles e Escopas.
Ø Os exércitos de Alexandre Magno, depois de conquistar as
cidades-estado da Grécia, levaram sua cultura por todo Oriente Médio. Como as
cidades gregas entraram num período de decadência política e econômica, a
religião oficial e a consciência cívica diminuíram, aparecendo em todas as
esferas uma maior ênfase subjetiva. Os gregos foram receptivos às novas
influências orientais, como podemos observar nas decorações luxuosas e nas
religiões místicas. Nas cidades ricas da Ásia Menor, assim como em Alexandria
(Egito), surgiu um novo helenismo, mescla do espírito grego e dos estilos
orientais.
Mosaico romano - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
Coluna de Constantino - Istambul - Turquia
Coliseu de Verona - Itália
ARTE ROMANA
Ø A
arte e arquitetura da antiga Roma e seu império,
que em seu apogeu estendeu-se das ilhas Britânicas até o mar Cáspio. A arte
romana mais primitiva remonta à derrocada dos reis etruscos e ao
estabelecimento da república no ano de 509 a .C. Para a História, o final da arte
romana e por conseguinte o início da arte medieval coincidem com a conversão do
imperador Constantino ao cristianismo e com a mudança da capital do Império de
Roma para Constantinopla, no ano 330. Entretanto, tanto o estilo romano como a
sua temática pagã continuaram sendo representados durante séculos, reproduzidos
freqüentemente em imagens cristãs. Tradicionalmente, a arte romana é dividida
em dois períodos: a arte da Roma republicana e a da Roma imperial (do ano 27 a .C. em diante),
com subdivisões correspondentes aos imperadores mais importantes ou às diferentes
dinastias. Na época da república, o termo romano estava praticamente restrito à
arte realizada na cidade de Roma, que conserva o rastro de seu passado etrusco.
Pouco a pouco, a arte libertou-se de sua herança etrusca, graças à expansão
pela Itália e pelo Mediterrâneo e ao fato de os romanos terem assimilado outras
culturas, como a grega. Durante os dois últimos séculos antes do nascimento de
Cristo, surgiu uma maneira tipicamente romana de construir edifícios, realizar
esculturas e pintar. Entretanto, devido à extraordinária extensão geográfica do
Império de Roma e às suas diversas colônias, a arte e a arquitetura romanas
foram sempre ecléticas e se caracterizaram por empregar estilos distintos
atribuídos aos gostos regionais e às preferências de seus mecenas. A arte
romana não é somente a arte dos imperadores, senadores e patrícios, mas também
a de todos os habitantes do vasto império romano, incluindo a classe média dos
homens de negócios, os homens livres ou plebeus e os escravos e legionários da
Itália e suas províncias. Curiosamente, apesar de existir uma grande quantidade
de exemplos escultóricos, pictóricos, arquitetônicos e decorativos, conhecemos
poucos nomes de seus artistas e arquitetos. Geralmente, os monumentos romanos
foram realizados mais para homenagear os seus mecenas do que para expressar a
sensibilidade artística de seus criadores.
Podemos ter uma clara idéia da arquitetura romana através dos impressionantes vestígios dos edifícios públicos e privados da Roma antiga e graças aos escritos da época, como o De Architectura, um tratado de dez volumes compilado por Vitrúvio no fim do século I a.C.
Podemos ter uma clara idéia da arquitetura romana através dos impressionantes vestígios dos edifícios públicos e privados da Roma antiga e graças aos escritos da época, como o De Architectura, um tratado de dez volumes compilado por Vitrúvio no fim do século I a.C.
Ø Os templos romanos foram o resultado de uma combinação de
elementos gregos e etruscos: planta retangular, teto de duas águas, vestíbulo
profundo com colunas livres e uma escada na fachada dando acesso ao pódio ou à
base. Os romanos conservaram as tradicionais ordens gregas (dórica, jônica e
coríntia), mas inventaram outras duas: a toscana, uma espécie de ordem dórica
sem estrias na fuste, e a composta, com um capitel criado a partir da mistura
de elementos jônicos e coríntios. A Maison Carrée, da cidade francesa de Nimes
(c. 16 d.C.), é um excelente exemplo da tipologia romana templária.
Ø Na península Ibérica, subsistem alguns restos arqueológicos de
templos da época romana. Na Espanha, podem ser encontrados nas cidades de
Barcelona, Mérida (dedicado à deusa Diana), Córdoba (colunas da rua Claudio
Marcelo) e Sevilha. Em Portugal, destacam-se o templo de Egitânia
(provavelmente dedicado a Júpiter ou Vênus), o de Évora (ou Diana) e o de
Almofala (em Figueira de Castelo Rodrigo).
Ø Os teatros e os anfiteatros romanos apareceram pela primeira vez
no final do período republicano. Diferentemente dos teatros gregos, situados em
declives naturais, os teatros romanos foram construídos sobre uma estrutura de
pilares e abóbadas e, dessa maneira, puderam ser instalados no coração das
cidades. Os teatros de Itálica e de Mérida foram realizados nos tempos de Augusto
e de Agripa, respectivamente. O mais antigo anfiteatro conhecido é o de Pompéia
(75 a .C.)
e o maior é o Coliseu de Roma (70-80 d.C.). Na Hispânia romana,
destacam-se os anfiteatros de Mérida, Tarragona e Itálica. Os circos ou
hipódromos também foram construídos nas cidades mais importantes; a praça
Navona de Roma ocupa o lugar de um circo construído durante o reinado de
Domiciano (81-96 d.C.).
ARTE
CRISTÃ PRIMITIVA
Ø Obras criadas, na Itália e oeste mediterrâneo, durante os primeiros
séculos da era cristã. A arte deste período começa a ser significativa entre
300 e 750 d.C., coincidindo com a última fase da arte e arquitetura
romanas (século II ao século VII) e com as primeiras três centúrias (século V
ao VII) da arte e arquitetura bizantinas. Até o Édito de Milão (313),
promulgado pelo imperador Constantino I, o Grande — que fez do cristianismo a
religião oficial do Império Romano, pondo fim às perseguições contra os
seguidores de Cristo — a arte cristã se restringiu a lugares de culto
escondidos: catacumbas e titulae, casas particulares utilizadas para
reuniões religiosas secretas. A maior parte da arte paleocristã, na pintura e
na escultura, traz grande influência da arte romana, devidamente adaptada à
espiritualidade do cristianismo. Na iconografia, foram desenvolvidos conceitos
cristãos através de expressões visuais.
Ø A arte paleocristã realizou dois tipos de construção: a nave
longitudinal ou basílica e as construções centralizadas, como o batistério e o
mausoléu. Os exteriores das construções eram lisos e sem ornamentos. Os
interiores, pelo contrário, mostravam-se ricamente decorados com mármore nas
paredes e no chão, afrescos, mosaicos, cortinas e suntuosos altares de ouro e
prata.
Ø As iluminuras apresentam rara qualidade. Possivelmente, a mais
luxuosa é a de Vienna genesis, datada do século VI e cujo pergaminho, em
púrpura, tem páginas e ilustrações no estilo da pintura romana.
Ø A escultura de volumes arredondados é bastante escassa, ao
contrário dos baixos-relevos existentes, em grande número, nos sarcófagos.
Igreja de São Salvador em Chora - Istambul - Turquia
Igreja de São Salvador em Chora - Istambul - Turquia
Santa Sofia - Istambul - Turquia
Santa Sofia - Istambul - Turquia
Basílica San Marcos - Veneza - Itália
ARTE
BIZANTINA
Ø A arte e arquitetura desenvolvidas no Império Romano do
Oriente. A capital desse estado foi Constantinopla, a antiga cidade grega de
Bizâncio, que o imperador romano Constantino rebatizou no ano 330 com seu nome.
O Império bizantino se desenvolveu durante quase mil anos, da queda do Império
Romano do Ocidente, no ano 476, até a tomada de Constantinopla pelos turcos, em
1453. Sua hegemonia se estendeu para o Mediterrâneo pelo oeste e até a Armênia
pelo leste. Embora os conquistadores otomanos tenham destruído alguns tesouros
artísticos bizantinos, restaram mostras suficientes para interpretações
fundamentadas.
Ø A arte e a arquitetura
bizantinas evoluíram para satisfazer as necessidades da Igreja ortodoxa.
Enquanto na Igreja católica a adoração de santas relíquias foi habitual até o
fim da Idade Média, a Igreja oriental promoveu o culto popular aos ícones.
Esses retratos de santos e virgens representados em posição frontal eram
imagens estilizadas. Embora pudessem ser realizados sobre diversos suportes,
como pinturas murais ou mosaicos, geralmente eram pintados sobre pequenas
tábuas.
Ø A maior parte da arte bizantina compartilha a qualidade abstrata
dos ícones. Seus antecedentes artísticos parecem remontar à Mesopotâmia e ao
interior da Síria e do Egito, onde perdurou a arte hierática do Oriente antigo,
como se pode ver nas pinturas murais de Dura Europos no Eufrates e nos afrescos
dos primeiros mosteiros do alto Egito. No entanto, em duas das cidades mais
importantes dessas regiões, Antióquia e Alexandria, o estilo naturalista
helenístico foi conservado, como em Pompéia e Roma.
Ø A arte bizantina, portanto, nunca se afastou por completo de suas
raízes helenísticas, que de fato se mantiveram como uma importante fonte de
inspiração e renovação, embora nesse processo tivesse que adotar o caráter da
fé ortodoxa. A arte paleocristã dos séculos III e IV assumiu o estilo e as
formas do paganismo clássico, evitando a modelagem de forma redonda para
eliminar a representação material das figuras sagradas. A escultura limitou-se,
assim, a algumas placas de marfim, geralmente painéis esculpidos em
baixo-relevo para minimizar os efeitos escultóricos.
Ø A decoração das igrejas bizantinas era geralmente feita em
mosaicos. Essas representações, compostas por pequenas peças cúbicas ou
tesselas de cristal colorido ou revestido com folha de ouro, cobriam a
superfície interior dos muros e das abóbadas, produzindo um misterioso efeito
luminoso, que se adaptava perfeitamente ao caráter da religião ortodoxa. Ao
mesmo tempo, seu caráter suntuoso simbolizava a magnificência da corte imperial
e o poder de seu imperador, liderança incontestável da Igreja ortodoxa.
Basílica de Santo Antonio de Pádua - Itália
ARTE ROMÂNICA
Ø Românico - conjunto das obras que se
fizeram na Europa ocidental desde, aproximadamente, o ano 1000 d.C. até a
aparição, na segunda metade do século XII, do estilo gótico. O termo românico,
predominantemente ligado à arquitetura, aplicou-se também à escultura, à
pintura e às artes decorativas.
Ø O desenvolvimento das abóbadas de pedra foi um dos ganhos excepcionais
da arquitetura românica. A razão principal para o emprego de abóbadas foi a
necessidade de encontrar uma alternativa às coberturas de madeira das
estruturas pré-românicas, expostas ao fogo e à umidade. As tentativas para
solucionar os novos problemas estruturais variaram infinitamente. Utilizaram-se
cúpulas, abóbadas de tubos semicirculares e pontudas e abóbadas de aresta. Sem
dúvida, até o período gótico não se havia conseguido uma estrutura de
construção na qual as pressões das abóbadas estivessem contidas exclusivamente
por pilares livres e contrafortes.
Ø Como as abóbadas de pedra eram mais pesadas que as coberturas de
madeira utilizaram-se muros mais grossos e colunas mais robustas. No estilo
românico pleno, particularmente no francês, o uso de muros com contrafortes e
pilares maciços como suportes para as pesadas abóbadas de pedra produziu um
modelo característico de edifício, no qual a estrutura se compõe de unidades
menores articuladas. Estas unidades, chamadas galerias, são os espaços de planta
quadrada ou retangular cobertos por cada abóbada de aresta. Na arquitetura
românica tardia, as galerias foram tratadas como unidades fundamentais do
edifício e estes espaços retangulares se converteram num traço característico
importante do estilo imperante.
Ø A solidez das estruturas em pedra é outra das características mais
notórias da arquitetura românica. O espaço das igrejas românicas era geralmente
alto e estreito, iluminado por janelas de clarabóia abertas no alto da nave
central, sob a abóbada. As portas e janelas apresentavam arcos de meio ponto
ligeiramente pontudos. Essas aberturas começaram pequenas e decoradas com
molduras, entalhes e esculturas que foram mais ricos e variados à medida que o
período românico foi avançando.
Castelo do Buonconsiglio - Trento - Itália
Catedral de Zagreb - Croácia
Catedral St. Vitus - Praga - República Tcheca
Catedral São Estevão - Viena - Áustria
ARTE GÓTICA
Ø Estilo artístico europeu que floresceu entre o século XII e as
últimas décadas do século XVI na arquitetura civil e religiosa, escultura,
vitrais, pintura mural e sobre madeira, iluminuras e nas diversas artes
decorativas. O termo gótico foi empregado, no sentido pejorativo, pelos tratadistas
do Renascimento para referir-se à arte da Idade Média, por eles considerada
inferior e rude, se comparada à arte clássica. Gótico é uma palavra derivada de
godo, uma das tribos bárbaras que, após a queda do Império Romano, veio
do Norte e se espalhou pelo continente. O gótico apareceu como continuação do
românico, ao longo da baixa Idade Média e, no século XIX, produziu-se uma
revalorização deste período. Atualmente, é considerado um dos momentos mais
importantes que, do ponto de vista artístico, a Europa conheceu.
Ø O estilo gótico encontrou sua grande expressão na arquitetura,
principalmente a religiosa. Surgiu, na primeira metade do século XII, da
evolução do românico e como conseqüência de condições teológicas, tecnológicas
e sociais. Em diversos países europeus, como a Inglaterra, a arquitetura gótica
perdurou até parte do século XVI, muito depois do estilo renascentista ter
penetrado em outros campos artísticos.
Ø Contrastando com a arquitetura românica — cujas características
essenciais são os arcos de meio ponto, ou de berço, estruturas maciças,
escassos vãos e abóbadas de canhão ou aresta — a arquitetura gótica empregou o
arco pontiagudo; agulhas e capitéis reforçando o sentido de ascensão que se
pretendia transmitir à construção; amplos vãos com decorações em motivos
geométricos: intensa luminosidade; estruturas reduzidas à mínima armação. Todas
estas qualidades estilísticas foram possíveis graças às inovações na arte de
construir, como a abóbada cruzada. As igrejas românicas possuíam abóbadas
pesadas, paredes grossas e poucas janelas para suportar a estrutura. No início
do século XII, os construtores idealizaram a abóbada cruzada, que
consiste no cruzamento de dois arcos formando uma estrutura resistente sobre a
qual se colocavam pedras e tijolos que configuram a abóbada. Este sistema, além
de leve e versátil, permitiu cobrir espaços das diversas configurações e um
grande número de combinações arquitetônicas.
Ø Embora as primeiras igrejas góticas adotassem grande variedade de
formas, a construção das grandes catedrais do norte da França, na segunda
metade do século XII, beneficiou-se das vantagens das abóbadas cruzadas. Com
elas, puderam-se concentrar as energias nos quatro pontos do vértice e
distribuí-las através dos elementos que as sustentavam, como pilares, colunas
ou sistema de estribo e arcos botante (arco transmissor dos esforços
tangenciais para um contraforte situado no exterior da construção). Como
conseqüência, as pesadas paredes da arquitetura românica foram substituídas por
outras mais leves, com janelas permitindo a aparição de vitrais, possibilitando
a construção de vãos de grande altura.
Ø Com
a abóbada gótica, as construções adotaram formas variadas. Mas a planta comum
das catedrais consistia em três ou cinco naves longitudinais, um transepto, um
coro e um presbitério, em composição similar à das igrejas românicas. As
catedrais góticas aperfeiçoaram a criação mais genuína da arquitetura românica:
a abside com um espaço transitável para o qual se abrem capelas radiais de
planta semicircular ou poligonal. A organização dos desenhos frontais no
interior das naves e no coro também manteve os precedentes românicos. Por outro
lado, os esbeltos pilares compostos separando as naves com colunas delgadas
entre o capitel e a base — além do uso de arcos apontados — contribuíram para
criar efeitos de verticalidade, a expressão mais intrínseca da arquitetura
gótica.
Ø O objetivo prioritário da organização exterior da catedral gótica,
com seus arcobotantes e pináculos, era resistir ao peso das abóbadas. A fachada
ocidental, os pés da igreja, tentava produzir efeitos de desmaterialização
através de ricos recursos plásticos. A fachada principal gótica divide-se,
geralmente, em três corpos horizontais e três seções verticais de onde se abrem
os três portais correspondentes às naves do interior. As duas torres laterais
formam parte do corpo da fachada e se arrematam em ponteiros ou capitéis. A
grande rosácea sobre o pórtico supõe um magnífico centro para a totalidade do
conjunto.
Ø A escultura seguiu o precedente românico com ampla difusão de
imagens cuja finalidade, além de decorar as fachadas das catedrais, era
doutrinar os fiéis nos dogmas da fé católica. A escultura, do final do século
XII e princípio do século XIII, teve um caráter predominantemente
arquitetônico. As figuras mais destacadas são as estátuas colossais das
ombreiras (pilastras laterais) dos portais e os quebra-luzes dos vãos da
entrada. Recebem o nome de estátuas-coluna por estarem apoiadas a estes
suportes. Às vezes, a estátua-coluna tende a se libertar da moldura
arquitetônica, como se fosse uma escultura isolada do complexo arquitetônico.
Ø Dentro da evolução pictórica do século XV, se distinguem dois
estilos: o Gótico e o Flamengo. O Gótico corresponde aos dois últimos decênios
do século XIV e perdurou, na maior parte da Europa, durante a primeira metade
do século XV. Paralelo ao Renascimento italiano, o Flamengo surgiu em Flandres,
no primeiro terço do século XV, e se difundiu durante a segunda metade do
século. O estilo Gótico apareceu no centro do continente como conseqüência da
fusão de elementos e formas do Gótico aliadas às inovações técnicas e
iconográficas apontadas pelos pintores italianos Giotto, Duccio, Simone Martini
e os Lorenzetti. Caracteriza-se pela valorização expressiva do anedótico,
estilização das figuras, predomínio das linhas curvas, introdução de detalhes
naturalistas e emprego de técnica minuciosa.
Ø O estilo flamengo se iniciou nas cortes dos duques de Berry e de
Borgonha. A principal contribuição desta escola foi a utilização da técnica a
óleo que conferiu maior vivacidade e enriquecimento à gradação cromática,
permitindo a realização de veladuras e a obtenção de cores compostas. Os traços
mais definidos do estilo flamengo foram o naturalismo, o gosto pelo detalhe, a
técnica minuciosa e, em certas ocasiões, a codificação simbolista através das
cores. Os iniciadores da escola flamenga foram os irmãos Huberto e Jan van
Eyck, cuja primeira obra célebre foi o retrato O cordeiro místico da Igreja
de San Bavo em Gent. Também de autoria de Jan van Eyck é o quadro Os
esposos Arnolfini (1434), considerado um dos melhores da arte flamenga.
Entre os pintores destacam-se, ainda, Robert Campin, Roger van der Weyden, Hans
Memling e Dirk Bouts. Na escola flamenga sobressaiu uma figura excepcional,
avançada para sua época: Jerônimo Bosch, criador de um universo surrealista e
de um código moralizante. Entre suas obras cabe citar o tríptico O jardim
das Delícias.
Ø Distante da Idade Média do ponto de vista conceitual, a influência
flamenga se estendeu por toda Europa ao longo do século XV, sendo considerado o
Renascimento do Norte. Na Espanha, a pintura flamenga teve um especial
desenvolvimento graças a alguns pintores como Luis Dalmau, Jaime Huguet,
Jacomart, Bartolomé Bermejo e Fernando Gallego.
Filipe IV - Diego Velazquez - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
Caçadores na Neve - Pieter Bruegel - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
O artista e seu estúdio - Jan Vermeer - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
RENASCIMENTO
Ø Movimento artístico que se manifestou na pintura, escultura e
arquitetura, em toda a Europa, aproximadamente de 1400 a 1600. Os traços
principais da arte renascentista são a imitação das formas clássicas da
antigüidade greco-romana e a preocupação com a vida profana, o humanismo e o
indivíduo. O Renascimento corresponde, na história da arte, à era dos grandes
descobrimentos, refletindo o desejo, da época, de examinar todos os aspectos da
natureza e do mundo.
Ø Durante o Renascimento, os artistas continuaram a merecer o status,
herdado da Idade Média, de meros artesãos. Mas, pela primeira vez, começaram a
se impor como personalidades independentes, comparáveis a poetas e escritores.
Os pintores e escultores renascentistas investigaram novas soluções para
problemas visuais formais e muitos deles realizaram experiências científicas.
Neste contexto, surgiu a perspectiva linear na qual as linhas paralelas eram
representadas em ponto de fuga. Os pintores passaram a ser mais exigentes com o
tratamento da paisagem, dedicando maior atenção à representação de árvores,
flores, plantas, distância entre montanhas e os céus com suas nuvens. O efeito
da luz natural e o modo como o olho percebe os diversos elementos da natureza,
tornaram-se novas preocupações. Assim nasceu a perspectiva aérea, na qual os
objetos perdem os contornos, a cor e o sentido de distância à medida que se
afastam do campo de visão. Os pintores do norte de Europa, especialmente os
flamengos, revelaram-se mais avançados que os italianos na representação das
paisagens e introduziram o óleo como nova técnica pictórica, contribuindo para
o desenvolvimento desta arte em todo o continente.
Ø Embora o retrato se consolidasse como gênero específico em meados
do século XV, os pintores do Renascimento alcançaram o auge com a pintura
histórica ou narrativa. Em uma paisagem ou moldura de fundo, figuras relatavam
passagens da mitologia clássica ou da tradição judaico-cristã. Dentro de um
contexto, o pintor representava homens, mulheres e crianças em poses
reveladoras de emoções e estados de espírito.
Ø O renascimento das artes coincidiu com o desenvolvimento do
humanismo que estudava e traduzia textos filosóficos. O latim clássico foi
revalorizado. A par desta renovação de idéias, ocorreu o período de
descobrimentos de novas terras. As embarcações se lançaram em busca de novos
caminhos marítimos, colhendo, como resultado, diferentes rotas para a Ásia e a
imensidão das Américas. Pintores, escultores, arquitetos e navegadores sentiam
o mesmo anseio de aventura, o desejo de ampliar conhecimentos e obter novas
soluções. Assim, tanto Leonardo da Vinci e Michelangelo, como Cristóvão Colombo
e Pedro Álvares Cabral descobriram mundos novos e surpreendentes.
Ø O berço do Renascimento foi a Itália, extraordinário depósito de
ruínas clássicas. Encontram-se vestígios do império romano em quase todas as
cidades italianas. Os sarcófagos de mármore, decorados com relevos, são o
exemplo mais comum. O idioma, uma corruptela do latim falado pelos antigos romanos,
foi sistematizado no século XIV por Dante Alighieri, Francesco Petrarca e
Giovanni Boccaccio. As primeiras manifestações do Renascimento italiano
ocorreram em Florença.
Três ourives e escultores, Brunelleschi, Ghiberti e
Donatello, realizaram inovações que romperam com as convenções da arte gótica.
Donatello, que também trabalhou em Veneza, Pádua, Nápoles e Roma veiculou, por
toda a Itália, as novas formas estéticas. Na pintura, Masaccio introduziu um
conceito naturalista e expressivo, assim como a perspectiva linear e aérea. O
introdutor, em Veneza, do ideário renascentista foi Bellini. Mais tarde, Veneza
disputou com Florença o privilégio de ser o centro do movimento que modificou o
pensamento humano.
Ø Após esta extraordinária explosão criativa, foi pouco
significativa a produção artística italiana no começo do século XV. Mas logo
surgiram os nomes mais destacados do Renascimento e que influenciaram toda a
obra ocidental posterior: Leonardo da Vinci (1452-1519) e Michelangelo
(1475-1564). Pintor, escultor, arquiteto, engenheiro e cientista, Leonardo da
Vinci foi importante, principalmente, na pintura onde introduziu o conceito de
perspectiva atmosférica. Michelangelo, pintor, escultor, arquiteto e poeta,
transformou-se em um dos maiores criadores que o mundo já conheceu.
ØEntre os artistas quatrocentistas, destacam-se Filippo
Brunelleschi, Lorenzo Ghiberti, Donatello, Masaccio, Paolo Uccello, Fra
Angelico, Pisanello, Jacopo Bellini, Gentile Bellini, Giovanni Bellini, Andrea
Mantegna, Piero della Francesca, Leon Battista Alberti, Antonio del Pollaiuolo,
Andrea del Verrocchio, Sebastiano del Piombo, Giorgione, Tiziano e Sandro
Botticelli.
Ø Entre os artistas quinhentistas, destacam-se Leonardo da Vinci,
Donato Bramante, Rafael, Michelangelo, Giorgione, Tiziano e Correggio.
Ø No norte europeu, as manifestações artísticas do gótico tardio
foram contemporâneas dos descobrimentos marítimos e das mudanças de visão de
mundo produzidas na Itália. Países como Alemanha, Holanda e Inglaterra foram
menos receptivos ao incipiente Renascimento.
Giuseppe Arcimboldo - Inverno - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
Giuseppe Arcimboldo - Verão - Museu de História da Arte - Viena - Áustria
MANEIRISMO
Ø Estilo
surgido na Itália no século XVI. Caracteriza-se pela plasticidade das figuras
exageradas, cujas posturas são, quase sempre, forçadas. Usa as cores de modo
arbitrário e trata o espaço de maneira irreal, criando, com freqüência, efeitos
dramáticos. Como movimento, o maneirismo repudiou o equilíbrio e claridade do
Renascimento, procurando composições mais dramáticas e complexas. Era nítido
seu desejo de obter efeitos emocionais, fazendo uso de movimentos e contrastes.
Neste sentido, o maneirismo antecipou o Barroco do século XVII.
Ø Em Portugal, o maneirismo foi rico e original e expressou-se nas
artes plásticas, literatura e música.
Ø As figuras mais representativas desse movimento são Giulio Romano,
Rosso Fiorentino, Jacopo Carucci, o Pontormo, Parmigianino, Domenico Beccafumi,
Il Bronzino, El Greco, Giambologna e Benvenuto Cellini.
BARROCO
Ø Movimento na arte e arquitetura ocidentais, aproximadamente de
1600 até 1750. Traços do barroco, algumas vezes chamado de estilo rococó, ainda
são encontrados na primeira metade do século XVIII. Manifestações do barroco
aparecem, praticamente, em todos os países europeus e nas colônias ibéricas da
América. O termo barroco aplica-se, também, à literatura e à música. A origem
da palavra barroco não é clara. Talvez derive do português barroco
ou espanhol barrueco, termos que designam uma pérola de forma irregular.
Cunhado posteriormente no início do movimento e com conotações negativas, o
nome não define, com clareza, o estilo a que faz referência. De qualquer modo,
no final do século XVIII, o neologismo incorporou-se ao vocabulário da arte.
Muitos críticos rejeitaram o estilo barroco, considerando-o demasiado
extravagante e exótico para merecer um estudo sério. O historiador suíço Jakob
Burckhardt, do século XIX, definiu-o como o final decadente do Renascimento.
Seu aluno Heinrich Wölfflin, em Conceitos fundamentais para a história da
arte (1915), foi o primeiro a assinalar as diferenças fundamentais entre a
arte do século XVI e a do século XVII, afirmando que “o barroco não é nem o
esplendor nem a decadência do classicismo, mas uma arte totalmente diferente”.
Ø A arte barroca engloba numerosas particularidades regionais.
Pode-se, por exemplo, classificar como barrocos dois artistas tão diferentes como
Rembrandt e Gian Lorenzo Bernini. Não obstante as diferenças, suas obras têm
indubitáveis elementos barrocos em comum, como a preocupação com o potencial
dramático da luz. A evolução da arte barroca deve ser estudada dentro de um
contexto histórico. A partir do século XVI, o conhecimento humano ampliou-se e
muitas descobertas científicas influenciaram a arte. As pesquisas de Galileu
sobre os planetas refletiram-se na precisão astronômica de muitas pinturas. Por
volta de 1530, o astrônomo polonês Copérnico amadureceu sua teoria sobre o
movimento dos planetas ao redor do Sol. Sua obra, publicada em 1543, só foi
completamente aceita depois de 1600.
A demonstração de que a Terra não era o centro do
universo coincide, na arte, com o triunfo da pintura do gênero paisagístico,
desprovido de figuras humanas. O ativo comércio, a colonização das Américas e
outras zonas geográficas fomentaram a descrição de lugares e populações
exóticas, até então desconhecidos.
Ø A religião cristã determinou muitas características da arte
Barroca. A Igreja católica converteu-se em mecenas influente. A Contra-reforma,
lançada para combater a difusão do protestantismo, contribuiu para a formação
de uma arte emocional, exaltada, dramática e naturalista, com claro sentido de
propagação da fé. Já a austeridade proposta pelo protestantismo explica, por
exemplo, a simplicidade das linhas arquitetônicas nos edifícios religiosos da
Holanda e o norte da Alemanha. Acontecimentos políticos também influenciaram o
mundo da arte. As monarquias absolutistas da França e da Espanha promoveram a
criação de obras grandiosas, com a intenção de refletir a majestade de Luís XIV
e da Casa da Áustria de Felipe III e Felipe IV.
Ø O sentido de movimento, energia e tensão são algumas das
características da arte barroca. Fortes contrastes de luzes e sombras realçam
os efeitos cenográficos de quadros, esculturas e obras arquitetônicas. Uma
intensa espiritualidade aparece nas cenas de êxtases, martírios e aparições
milagrosas. A insinuação de enormes espaços é freqüente na pintura e escultura.
Tanto no Renascimento quanto no Barroco, os pintores pretenderam a
representação correta do espaço e da perspectiva. O naturalismo é outra
característica do Barroco. Nos quadros, as figuras não são estereotipadas, mas
sim, representadas de maneira individualizada, com personalidade própria. Os
artistas buscavam a representação dos sentimentos interiores, paixões e
temperamentos magnificamente refletidos nos rostos das personagens. A
intensidade, imediatismo, individualismo e os detalhes da arte barroca —
manifestado nas representações realistas da pele e das roupas — fizeram dela um
dos estilos mais enraizados da arte ocidental.
ROCOCÓ
Ø Movimento
pictórico e decorativo do século XVIII, caracterizado pela ornamentação
elaborada, delicada e exagerada. O termo rococó provém do francês rocaille,
que significa “cascalho”. Em decoração, o estilo caracteriza-se por uma
ornamentação baseada em arabescos, conchas marinhas, curvas sinuosas e formas
assimétricas. Na pintura, pelo uso de cores pastel bem claras. Em Portugal, o
rococó adquiriu diversificações regionais acentuadas e encontrou na talha sua
forma de expressão mais autêntica.
Ø Os pintores mais representativos do rococó foram François Boucher
e Jean-Honoré Fragonard.
Ø Estilo artístico que se desenvolveu especialmente na arquitetura e
nas artes decorativas. Floresceu na Europa e Estados Unidos de 1750 até o
início de 1800 e inspirou-se nas formas greco-romanas. Mais do que um
ressurgimento de estética antiga, o Neoclassicismo relaciona fatos do passado
aos acontecimentos da época. Os artistas neoclássicos tentaram substituir a
sensualidade e trivialidade do Rococó por um estilo lógico, de tom solene e
austero. Quando os movimentos revolucionários estabeleceram repúblicas na
França e América do Norte, os novos governos adotaram o neoclassicismo como
estilo oficial por relacionarem a democracia com a antiga Grécia e República
romana. Na subida de Napoleão I ao poder, na França, este estilo foi modificado
para servir às necessidades propagandísticas.
Ø O estilo neoclássico surgiu com as escavações, na Itália, das ruínas
das cidades romanas de Herculano (1738) e Pompéia (1748), a publicação de
alguns livros — entre eles, Antigüidades de Atenas (1762) dos
arqueólogos ingleses James Stuart e Nicholas Revett — e com a chegada da Coleção
Elgin a Londres (1806). Louvando a simplicidade e a placidez do estilo
greco-romano, o historiador alemão Johann Winckelmann instigou os artistas a
estudarem e imitarem a vocação para a eternidade de suas formas idealizadas.
Estas idéias encontraram entusiástica acolhida entre seus discípulos, reunidos
em torno dele em Roma (1760).
Ø Entre os artistas deste movimento estão os arquitetos Antonio José
Landi, Giovanni Battista Piranesi e Robert Adam; os pintores Benjamin West,
Jacques-Louis David, John Flaxman, Jean August Dominique Ingres e José de
Madrazo; e os escultores Antonio Canova, Bertel Thorvaldsen, Horatio Greenough
e Hiram Powers.
Ø O Estilo Neoclássico estendeu-se, também, às artes decorativas nas
quais se destacam a porcelana de Sèvres, França, e a cerâmica de Wedgwood,
Inglaterra, para a qual John Flaxman realizou desenhos.
A liberdade guiando o povo - Delacroix
ROMANTISMO
Ø Movimento artístico e intelectual europeu que se estendeu,
aproximadamente, de 1800 a
1850. O romantismo não pode ser identificado com um determinado estilo, técnica
ou atitude. A pintura romântica caracteriza-se por uma abordagem imaginativa e
subjetiva, com telas carregadas de emoção e caráter visionário ou onírico.
Enquanto a arte clássica e neoclássica é delicada, clara e completa, a arte
romântica caracteriza-se por se esforçar em expressar estados da alma e
sentimentos intensos ou místicos, evitando claridade e definição. O escritor
alemão Ernst Hoffmann definiu a essência do romantismo como a “infinita
saudade”. Na escolha dos temas, os artistas do movimento romântico mostraram
grande afinidade com a natureza — especialmente em seu aspecto selvagem e
misterioso — assuntos exóticos, melancólicos, melodramáticos e que produzem
medo ou paixão.
Ø Os artistas românticos mais expressivos foram Antoine-Jean Gros,
Théodore Géricault, Eugène Delacroix, John Constable, Joseph Mallord William
Turner e Federico Madrazo. No Brasil, destacaram-se Vitor Meirelles, Zeferino
da Costa e Oscar Cintra da Silva.
Almoço na relva - Manet
O
Baile do Moulin de
la Galette - Renoir
IMPRESSIONISMO
Ø A exaltação da arte pela arte surgiu com os
artistas franceses associados ao impressionismo, como Édouard Manet, Claude
Monet, Edgar Degas e Berthe Morisot. Na década de 1870, ao abandonarem as
referências diretas aos temas religiosos e históricos, muitos dos
impressionistas romperam com o padrão de arte francês e expuseram suas pinturas
de forma independente, antecipando o desejo dos artistas modernos de
tornarem-se independentes das instituições estabelecidas. Ao pintar cenas da
vida quotidiana, especialmente a dos bares e teatros locais, os impressionistas
anteciparam o interesse da arte contemporânea pela cultura popular. Retratando
estradas de ferro, pontes e exemplos da nova arquitetura que usava o ferro,
eles anunciaram o fascínio da arte contemporânea pela tecnologia. Por serem os
primeiros a usar novas técnicas artísticas — isto é, aplicar a tinta com
pinceladas pequenas e descontínuas — e a intensificar suas cores, anteciparam o
fascínio moderno pela originalidade. A exibição de obras executadas como
pinturas acabadas, forçaram o público a reconsiderar o esboço não mais como
exercício preliminar, mas como arte final e, dessa forma, antecipar a tendência
dos artistas contemporâneos a ampliarem a definição de arte.
EXPRESSIONISMO
Ø Corrente artística que, pela deformação ou exagero das figuras,
buscava a expressão dos sentimentos e emoções do autor. Este movimento surgiu
como reação aos modelos dominantes nas artes européias desde o Renascimento,
particularmente nas ultrapassadas academias de Belas-Artes. O artista
expressionista buscava a experiência emocional, preocupando-se mais com as emoções
do observador do que com a realidade externa. Para aumentar a dramaticidade da
comunicação artística, exageravam e, mesmo, distorciam os temas trabalhados.
Ø Embora o termo expressionismo não se aplicasse à pintura antes de
1911, suas características se encontram nas criações de quase todos os países e
períodos. Parte da arte chinesa e japonesa dá mais importância à essência do
que à aparência física. Os grandes nomes da Europa medieval exageraram suas
figuras nas igrejas românicas e góticas, objetivando aumentar a carga
espiritual de suas criações. A intensidade expressiva, criada pela distorção,
aparece também no século XVI nas obras de artistas maneiristas, como o pintor
espanhol El Greco e o alemão Matthias Grünewald. Os autênticos precursores do expressionismo
vanguardista apareceram no final do século XIX e começo do XX. Entre eles
destacam-se o pintor holandês Vincent van Gogh, o francês Paul Gauguin e o
norueguês Edvard Munch, que utilizavam cores violentas e linhas fortes para
aumentar a intensidade de seus trabalhos.
Ø O grupo expressionista mais importante do século XX surgiu na
Alemanha. Entre suas figuras de proa estão os pintores Ernst Ludwig Kirchner,
Erich Heckel e Karl Schmidt-Rottluff, que fundaram em Dresde (1905) o grupo
denominado Die Brücke (A ponte). Em 1906, Emil Nolde e Max Pechstein
aderiram ao movimento e, em 1910, Otto Müller. Em 1912, fizeram uma exposição
coletiva aliados a um grupo de Munique denominado Der Blaue Reiter (O
cavaleiro azul), do qual faziam parte os pintores alemães Franz Marc, August
Macke e Heinrich Campendonk, o suíço Paul Klee e o russo Wassily Kandinsky.
Esta primeira fase do Expressionismo Alemão foi marcada por uma visão satírica
da burguesia e forte desejo de representar emoções subjetivas. Die Brücke
dissolveu-se em 1913, um ano antes do início da I Guerra Mundial
(1914-1918). Os Fauvistas — particularmente o pintor francês Georges Braque e o
espanhol Pablo Picasso — influenciaram e foram influenciados pelo
Expressionismo Alemão.
Ø A fase seguinte do Expressionismo se chamou Die neue
Sachlichkeit (Nova Objetividade) e surgiu junto com a desilusão
reinante após a I Guerra Mundial. Fundada por Otto Dix e George Grosz, foi
marcada pelo pessimismo existencial e por uma atitude irônica e cínica diante
da sociedade. Este período do Expressionismo transformou-se em movimento
internacional, podendo-se perceber a influência dos alemães no trabalho de
artistas de várias partes do mundo, entre eles, os austríacos Oskar Kokoschka e
Egon Schiele, os franceses Georges Rouault, Chaïm Soutine, o búlgaro
nacionalizado francês Jules Pascin e o norte-americano Max Weber.
Ø Na América Latina, o principal nome do Expressionismo é o
equatoriano Oswaldo Guayasamín que, influenciado pelos muralistas mexicanos,
utilizou esta estética para retratar a realidade dos indígenas do seu país. Na
Espanha, o Expressionismo teve forte cunho social e seus nomes mais importantes
são José Gutierrez Solana, Benjamín Palencia, Pancho Cossío, Francisco Mateos,
Rafael Zabaleta e Eduardo Vicente.
Ø No Brasil destacam-se Antonio Garcia Bento, Benedito Calixto de
Jesus, Lasar Segal, pintor da dor e sofrimento humanos, e Anita Malfatti, que
modernizou a pintura brasileira com temas nacionalistas, entre eles O
Tropical, de 1916.
CUBISMO
Ø Pablo Picasso, amigo e rival de Matisse,
também inventou um novo estilo de pintura que enfocava as linhas, mais do que
as cores. A arte de Picasso sofreu uma transformação radical por volta de 1907,
quando ele decidiu incorporar à sua pintura alguns elementos estilísticos da
escultura africana. Ao contrário da imagem agradável da classe média de
Matisse, a pintura As senhoritas de
Avignon (1907, Museu de Arte Moderna, Nova York) violenta a forma humana
através de simplificações, de combinações de cores violentas e arbitrárias e de
distorções extremas da anatomia e das proporções humanas. O espaço da pintura,
contudo, não segue a lógica da perspectiva, com seu sistema tradicional de
retratar a profundidade em uma pintura e, é tão fragmentado, que se torna
difícil percebê-lo claramente.
Ø A violência inerente à Senhoritas de Picasso, porém, abriu caminho para suas pinturas mais
meditativas, como Ma Jolie (1912,
Museu de Arte Moderna, Nova York). Neste e em outros exemplos do cubismo
analítico, o tema — em geral, um
retrato ou uma imagem de natureza morta — é fragmentado em uma série de
interseções e cruzamentos de planos geométricos. Percebe-se a influência de
Cézanne nessa fragmentação, assim como a paixão de Picasso pela ambigüidade e
pela união de opostos. O sólido e o vazio, o indivíduo e o meio ambiente, o
primeiro e o segundo plano se interpenetram num desafio à lógica da pintura
tradicional e à lógica da experiência quotidiana. Ma Jolie foi pintada em tons de cinza e marrom, pouco gritantes.
Essa ausência de cor é característica do cubismo analítico, assim como o uso de
letras. As palavras ma jolie (que
significam, em francês, minha linda) aparecem na parte inferior da tela,
fazendo referência a uma música popular da época e reforçando o vínculo entre a
arte contemporânea e a cultura popular.
Ø Mais tarde, Picasso reforçou esses vínculos
na tela Natureza morta com cadeira de
palha (1912, Museu Picasso, Paris), onde o artista colou um pedaço de
tecido oleado no desenho de um encosto de palha entrelaçada de uma cadeira.
Esse foi um dos primeiros exemplos de colagem, uma violação das técnicas
tradicionais de pintura através da inclusão de materiais estranhos. Após as
experimentações cubistas de Picasso e de seu colega francês, Georges Braque,
nenhum material voltou a ser considerado estranho à arte. Isso possibilitou que
ela se redefinisse constantemente com o decorrer do século.
Ø O cubismo de Picasso mostrou-se notavelmente
influente. Vários artistas franceses, como Albert Gleizes, Jean Metzinger,
Robert Delaunay, Fernand Léger e Juan Gris, foram influenciados por ele em suas
criações. Ao usarem esse estilo para glorificar a relação da vida moderna com a
tecnologia, diferenciaram suas obras das de Picasso e Braque. Léger, por
exemplo, simplificou as formas em A
cidade (1919, Philadelphia Museum of Art, Pensilvânia), transformando-as em
áreas coloridas planas ou em cubos ou cilindros tridimensionais. Nesta obra, a
visão pessoal e sutil de Picasso quanto ao cubismo levou à visão mais mecânica
e impessoal de Léger. A mudança reflete uma crença política contemporânea
segundo a qual a personalidade individual deveria subordinar-se às exigências
da sociedade como um todo. A obra A
cidade é a visão de Léger de uma comunidade ideal ou utópica, onde há a
integração da humanidade com a máquina.
SURREALISMO
Ø A crítica radical à arte e à razão feita
pelos dadaístas teve um efeito forte sobre um movimento artístico e literário
criado em 1924, o surrealismo. Os surrealistas, porém, queriam dar uma
conotação mais positiva à mensagem pessimista do dadaísmo. Inspiravam-se na
obra de Freud, que argumentava que a mente humana se dividia entre o consciente
e o inconsciente inacessível, onde os desejos, sentimentos e pensamentos mais
profundos de uma pessoa estão reprimidos. Os surrealistas procuraram alcançar
esses desejos e sentimentos particulares através de imagens oníricas, de
associações aleatórias de palavras e da arte. Entre os artistas que buscavam
maneiras de ter acesso ao inconsciente encontravam-se André Breton, André
Masson e Yves Tanguy, da França; René Magritte, da Bélgica; Joan Miró e
Salvador Dalí, da Espanha; e Max Ernst, da Alemanha.
Ø Dois estilos distintos surgiram dentro do
surrealismo. Alguns artistas, como Dalí e Magritte, tentaram criar imagens
oníricas ao retratar objetos de forma precisa, mas fazendo justaposições de
maneira irracional. Um exemplo dessa estratégia é A persistência da memória (1931, Museu de Arte Moderna, Nova York),
de Dalí. Nessa pintura, relógios de bolso pendem, amolecidos, de um galho
morto, enquanto insetos, um tampo de mesa e um rosto distorcido se encontram em
uma paisagem árida que leva a penhascos e um litoral. A combinação desses
elementos incoerentes sugere uma alternativa, ou uma sub-realidade, conforme o
nome do movimento indica.
Ø Outros surrealistas tentaram deixar que a
mão passeasse sobre a superfície da tela sem nenhum controle consciente, uma
técnica por eles denominada automatismo. Eles concluíram que, se fosse possível
diminuir o controle do consciente, o inconsciente poderia começar a se
manifestar. As linhas da pintura passariam a ser motivadas não mais pelo
consciente, que segue convenções sociais e treinamento, mas pelo forte
armazenamento de emoções escondidas no inconsciente. O automatismo teve início
junto aos surrealista parisienses, como Picabia, Arp e Masson, mas na década de
1940 ganhou forte adesão em
Nova York e em Montreal, no Canadá. A obra Pânico (1963, Museu Nacional de Arte
Moderna, Paris), de André Masson, é mais abstrata que as imagens oníricas de
Dalí, ainda que convide o observador a examinar suas superfícies complexas em
busca de pistas visuais que levem a significados ocultos. Talvez Masson não
tenha tido a intenção de transmitir esses significados, mas acreditava que eles
deviam estar relacionados a suas emoções e desejos mais íntimos.
POP ART
Ø movimento da arte pop da década de 1960 se
inspirou nos objetos do cotidiano usados por Johns e Rauschenberg. Os artistas
pop, como os americanos Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg, James
Rosenquist e Tom Wesselman, estabeleceram um forte vínculo entre a arte da
elite e a cultura popular. Em Whaam! (1963,
Tate Gallery, Londres), Lichtenstein produziu um tipo de arte a partir de um
tema jamais associado à elite: as histórias em quadrinhos. Lichtenstein
reproduziu as tiras de histórias, inclusive os pontos mecânicos criados pelo
processo de impressão. Mas o aspecto mais original na imagem de Lichtenstein
foi o fato de que, uma vez separados, os quadrinhos já não contavam mais uma
história. Fora de contexto, a imagem tinha sua própria força abstrata. Além
disso, os pontos impressos à máquina ganharam uma nova nitidez ao serem
pintados a mão por Lichtenstein.
Ø Andy Warhol preferiu adotar outra
estratégia. Como Judd, freqüentemente delegava a execução de suas peças a
assistentes. Em sua Bomba atômica (1965, Saatchi Collection,
Londres) e em peças semelhantes que mostram batidas de carro e cadeiras
elétricas, Warhol reproduziu repetidamente imagens chocantes retiradas de um
jornal. Essas obras demonstraram como a repetição, possibilitada pelas técnicas
de reprodução mecânica, às vezes pode deixar o público insensível em relação ao
conteúdo de uma imagem.
Harran II - Frank Stella
MINIMALISMO
Ø As listras da bandeira de Johns
influenciaram de forma marcante Frank Stella, um artista cujo estilo ajudou a
dar início a um movimento completamente diferente: a arte minimalista. Ele
eliminou qualquer referência a objetos do cotidiano, mas manteve o conceito de
repetição que há nas bandeiras de Johns. Em The
Marriage of Reason
and Squalor (1959, Museu de Arte Moderna, Nova York), pintou um padrão de
listras finas em tecido, brancas e simétricas e precisamente mensuradas em uma
tela preta, usando a repetição como sua maneira de compor a imagem. Uma vez que
tivesse definido uma unidade modular (a listra), simplesmente repetia essa
unidade por toda a tela. Abandonou o método tradicional de compor a pintura, em
que o artista adiciona aos poucos elementos que dão equilíbrio à imagem, e
adotou um método através do qual a pintura virtualmente pinta a si mesma. Ao
ser perguntado quanto ao conteúdo de sua obra, Stella respondeu: "O que
você vê é o que você vê", querendo dizer que a experiência visual da obra
era o aspecto mais significativo, e que as tentativas de inferir qualquer
significado não eram o ponto essencial da questão.
Ø Outra figura chave no movimento minimalista
foi o escultor Donald Judd. Como Stella, usou em suas esculturas o artifício
minimalista da repetição. Muitas dessas obras consistem em séries de caixas
idênticas e intercambiáveis, feitas de materiais industriais como o aço e plexiglas.
Além disso, Judd eliminou todo o conteúdo emocional de sua obra ao passar para
engenheiros e artesãos a tarefa de construir suas esculturas. Outros artistas
minimalistas importantes foram os americanos Carl Andre, Robert Morris e Dan
Flavin.
One and three chairs - Joseph Kosuth
A fonte - Marcel Duchamp
ARTE CONCEITUAL
Ø Os artistas performáticos iniciaram o
processo de separação entre a arte e a criação de um objeto físico. O movimento
da arte conceitual adotou esse impulso em sua conclusão lógica. Em meados da
década de 1960, os artistas conceituais começaram a produzir obras de arte
indistingüíveis das idéias responsáveis por sua existência. A obra One and Three Chairs (1970, Museu de
Arte Moderna, Nova York), do artista conceitual americano Joseph Kosuth, é um
exemplo do que ele denominava "arte como idéia como idéia". Kosuth
justapôs uma cadeira de verdade, uma foto de uma cadeira e uma definição por
escrito do termo cadeira retirada de um dicionário e, com isso, chamou atenção
para a distinção entre realidade e representação e entre representação e linguagem.
Ø Outros artistas conceituais queriam que sua
arte tivesse mais conteúdo político do que apenas filosófico. Em Direito à vida (1979, acervo
particular), o artista alemão Hans Haacke reproduziu uma conhecida propaganda
de xampu que mostrava uma jovem com cabelo brilhante. Abaixo da reprodução,
Haacke afixou o regulamento do fabricante em relação aos riscos que as
funcionárias próximas à época de entrar em trabalho de parto sofriam ao serem
expostas a substâncias químicas tóxicas. Esse regulamento isentava a empresa de
responsabilidade caso essas mulheres gerassem filhos com deficiências. Também
declarava que essas mulheres tinham o direito de pedir demissão, de aceitar
exercerem outras funções na mesma empresa, mas que pagavam salários mais
baixos, ou de serem esterilizadas. A legenda de Haacke repetia o nome da
empresa e adicionava o comentário sarcástico: "Onde as mulheres têm
escolha".
Spiral Jetty - Smithson
NOVAS FORMAS DE ARTE
Ø Nas décadas de 1960 e de 1970, vários
movimentos surgiram para tentar libertar a arte da influência do mercado
artístico, sistema no qual as obras de arte se transformavam em mercadorias
para serem compradas e vendidas como investimento financeiro. Um grupo de
artistas, às vezes chamado de pós-minimalista, queria criar formas que tivessem
um período de vida curto demais para serem vendidas. O escultor Richard Serra,
por exemplo, jogou chumbo derretido em um canto da Galeria Leo Castelli, em Nova York , para uma
série de obras chamada Splashing
(1968). Seu objetivo não era apenas produzir uma arte efêmera, que não fosse
vendável, mas também expressar as propriedades inerentes do metal líquido, que
passaram a ser visíveis apenas quando esse material entrou em atividade.
Ø Os artistas Robert Smithson, Michael Heizer,
Walter De Maria e Nancy Holt também se engajaram no movimento de incorporar as
forças da natureza à uma obra de arte. Esses artistas decidiram levar suas
obras para o ar livre e criar o que ficou conhecido como earthworks. Ao invés de pincéis ou lápis, usavam máquinas de
terraplanagem e outros equipamentos para transformar a terra em formas
esculturais gigantescas. A obra Spiral
Jetty (1970), de Smithson, por exemplo, era uma gigantesca espiral de
terra, pedra e cristais salinos que se estendia nas margens do Grande Lago
Salgado, em Utah. Essa
obra não era apenas grande demais para ser comprada ou vendida, como também
vulnerável às forças da natureza, como a chuva, o vento e a erosão.
Transfixed - Chris Burden
How to explain pictures to a dead hare - Joseph Beuys
A PERFORMANCE
Ø movimento de performance surgiu no início da década de 1960 com o objetivo de
acabar com as forças de mercado controladoras da arte e inspirado pelas performances dadaístas existentes há
aproximadamente 40 anos. Allan Kaprow, Vito Acconci, Chris Burden e Carolee
Schneeman foram alguns dos artistas que criaram os happenings. Essas apresentações ou eventos sem ensaio, onde quase
sempre se esperava a participação da platéia, tinham como objetivo romper as
fronteiras entre a arte e a vida cotidiana. Na Alemanha, um grupo de artistas
internacionais que se autodenominava Fluxus tinha objetivos semelhantes. O Fluxus
foi fundado em 1961 pelo artista americano George Maciunas, o americano de
origem coreana Nam June Paik e o artista alemão Wolf Vostell.
Ø Joseph Beuys, um escultor e artista
performático alemão, foi um dos membros mais importantes do Fluxus. Dentro do espírito
do dadaísmo, suas demonstrações eram quase sempre intencionalmente absurdas,
como a sua sugestão de que o Muro de Berlim deveria ganhar alguns centímetros
de altura para ficar mais proporcional, ou a sua tentativa de fundar partidos
políticos para os animais. Em How to
Explain Pictures to a Dead Hare (1965), Beuys amarrou um pedaço de feltro
na sola de um dos pés e um pedaço de metal na outra. Em seguida cobriu a cabeça
com uma folha dourada e começou a dar explicações sobre obras de arte a uma lebre
morta que embalava nos braços. Por trás desses evidentes absurdos, existiam
questões mais sérias, que discutiam quais eram os limites entre a vida e a
morte, entre o ser humano e os animais, o racional e o irracional e,
finalmente, entre a arte e a platéia.
REFERÊNCIAS
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OBS: As fotos utilizadas para ilustrar esta apostila até o neoclassicismo são do acervo pessoal e o restante de domínio público. Pede-se que sejam dados os devidos créditos de texto e imagens.
OBS: As fotos utilizadas para ilustrar esta apostila até o neoclassicismo são do acervo pessoal e o restante de domínio público. Pede-se que sejam dados os devidos créditos de texto e imagens.
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