A Província de Lima se
estende de Ancón até San Bartolo e nela existem muitos sítios arqueológicos,
que seguindo uma cronologia histórica nos contam parte da história do povo
peruano.
Cerro Paloma
Na Tablada de Lurín,
localizada ao sul de Lima, encontramos vestígios da presença humana do período
lítico, quando estes ainda viviam em abrigos naturais e se alimentavam dos
recursos disponíveis obtidos por meio da coleta. Por volta de 5.000 a.C., o
homem peruano começou a domesticar as plantas e os animais. No terceiro milênio
(a.C.) ocorreu a chamada revolução neolítica, que é quando o homem começa a
dominar o meio ambiente e passa a viver em aldeias. Desenvolve a exploração dos
recursos naturais e passa a gerar excedentes agrícolas e marinhos. Cerro Paloma
data desse período, sendo o mais antigo exemplo desse tipo e o mais simples de
todos.
Chavín de Huantar
No segundo milênio (a.C.),
aparece a cerâmica que foi de grande importância para a passagem do período
arcaico para o formativo, quando acontece a revolução social. Nesse período
apareceu um novo estilo de vida, pois o grande avanço tecnológico agrícola
acumulado nas épocas anteriores e o crescimento populacional acarretaram na
necessidade de trabalho especializado a serviço da agricultura. Apareceram os
primeiros templos e seus sacerdotes, que eram os especialistas que dominavam o
conhecimento sobre o movimento dos astros e as técnicas agrícolas e de
distribuição de águas, essenciais à ampliação da produção nos campos de
cultivo. Com o aumento de seus conhecimentos eles adquiriram grande poder social,
surgindo assim a teocracia, governo de deuses que possuem seus representantes,
o que levou à origem das diferenças sociais e mais tarde à origem do Estado.
Paralelamente a essas mudanças, surge Chavín de Huantar, que segundo alguns
pesquisadores, seria o berço da teocracia no antigo Peru, pois com todo o seu
desenvolvimento tecnológico e econômico, Chavín se tornou o centro cerimonial
mais importantes dos Andes e o ponto de ligação entre todos os caminhos, dominando
assim o escambo com todas as regiões. Em Chavín se encontram representados nas
pedras deuses ferozes e repressores, fazendo com que os sacerdotes assegurassem
sua supremacia sobre os camponeses. El Paraiso, localizado ao norte de Lima,
foi o primeiro grande centro cerimonial da costa representante dessa nova
estrutura social e Garagay, que data de 1.200 a.C., trata-se de um exemplo do
estilo Chavín.
El Paraiso
Deus do templo de Garagay
Os templos tiveram outras
funções, pois também serviram de armazéns de alimentos, que eram o tributo pago
pelos camponeses aos sacerdotes, que não participavam da produção agrícola,
apenas a controlavam. Em algumas comunidades havia a reciprocidade entre
sacerdotes e camponeses em relação ao abastecimento de todos, mas isso não era
uma norma, pois alguns grupos foram praticamente escravizados pelos sacerdotes.
Assim, algumas regiões cresceram mais e passaram a dominar outros locais mais
fracos através da guerra. É quando acontece a transição entre a queda de
Chavín, centro representante do sistema teocrático, e o surgimento de senhorios
e reinos regionais. A Huaca Pucllana pertencente à cultura Lima e datada de 400
d.C., está situada em Miraflores e é um exemplo desse período.
Huaca Pucllana
No entanto, foi somente a
partir de 650 d.C. em Ayacucho, que surgiu a cultura Wari como resultado desse
movimento social, em que finda a supremacia dos grandes centros cerimoniais e
aparecem as grandes cidades, cheias de palácios, centros administrativos e
armazéns. O grupo Wari se espalhou por todo o território peruano em busca de
produtos variados e mercados para o intercâmbio, que lhe permitiram grande
desenvolvimento. Cajamarquilla, localizada perto de Lima, é um centro urbano
Wari para armazenamento de produtos que entre 400 e 1.100d.C. foi o centro do
sistema de caminhos regionais durante o apogeu da cultura Wari. A reciprocidade
existente na época teocrática foi substituída pela obrigatoriedade tributária que
o campo devia à cidade e, além disso, a cidade Wari cresceu em demasia e a
produção agrícola deixou de ser suficiente para seu abastecimento, gerando
descontentamento dos povos subjugados pelos Wari, que começaram a lutar contra
eles, levando ao fim dessa cultura por volta de 1.100 d.C.
Parte da cidade Wari
Durante os séculos X a XV,
a produção passou a ser mais especializada, levando à expansão do sistema
urbano de vida. Puruchuco, construído pouco antes da dominação Inca, foi a
residência de um grande senhor, visto que depois do declínio Wari, os senhorios
voltaram a se desenvolver.
Puruchuco
Depois desse período,
apareceram os Incas com sua formação urbana, dedicados à agricultura e que
possuíam um sistema de redistribuição, fazendo com que a terra fosse a maior
fonte de riqueza.
No caminho para Lunahuaná
encontramos Incahausi, que foi construída pelos Incas durante o período de
conquista dos territórios limenhos.
Incahuasi
Pachacamac é outro grande exemplo da
presença Inca na Província de Lima, pois nela podemos encontrar o Templo do Sol
e a Aclla Huasi (Casa das Escolhidas), que são construções características
desse povo.
Aclla Huasi - Pachacamac
Podemos perceber que ao
longo da história do Peru ocorreram mudanças sociais que levaram ao surgimento
de novas organizações políticas e econômicas. No entanto, sobre a passagem do
período teocrático para o estatal existem opiniões distintas. O fato de a
teocracia ter aparecido de forma marcante na cultura Chavín, alguns
pesquisadores acreditam que sua decadência levou ao desaparecimento dessa forma
de governo (WILLIAMS, 1980). Outros pensam que a teocracia nunca acabou, apenas
surgiu paralelamente ao aparecimento do Estado (Waldemar Espinoza, 1985). Uma
terceira linha de pensamento aborda o fim da teocracia como resultado das novas
necessidades sociais dos povos, que insatisfeitos com o domínio dos sacerdotes,
começaram lutar entre si para dominar novas regiões, ocasionando o surgimento
dos reinos regionais, que nada mais são, do que os primeiros Estados
(Lumbreras, 1989).
BIBLIOGRAFIA
AGURTO CALVO, Santiago. Lima prehispanica. Lima: Municipalidad de Lima, 1984.
CANZIANI AMICO, José. Asentamientos humanos y formaciones sociales en la costa norte del
antiguo Peru. Lima: INDEA, 1989.
ESPINOZA SORIANO, Waldemar. Los modos de producción en el Imperio de los Incas. Lima: Amaru
Editores, 1985.
LUMBRERAS, Luis G. Chavín
de Huantar en el nacimiento de la civilización andina. Lima: INDEA, 1989.
MILLA VILLENA, Carlos. Genesis de la cultura andina. Lima: Fondo Editorial CAP Coleccion
Bienal, 1983.
ROSTWOROWSKI DE DIEZ CANSECO, María. Costa peruana prehispanica. Lima: IEP,
1989.
WILLIAMS, Carlos. Arquitectura y
Urbanismo en el Perú Antiguo. In: MAJÍA BACA, Juan (Org.) Historia del Perú. Lima: Editorial Juan Mejía Baca, Lima, 1980.
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