Mesquita do Profeta Maomé - Medina - Arábia Saudita
Este artigo é um breve estudo sobre o
contexto histórico do mundo árabe em contato com a Península Ibérica,
percebendo que traços foram deixados por essa cultura na Espanha e em Portugal. Partindo
desse ponto, analisaremos as influências árabes trazidas pelos portugueses para
o Brasil na época colonial.
Grande Mesquita - Meca - Arábia Saudita
Caaba - Meca
Breve história do mundo árabe.
“São
árabes todos aqueles para quem a missão de Maomé e a memória do Império Árabe
constituem o cerne da história e que preservam a língua árabe e a sua herança
cultural como patrimônio comum” (Lewis, 1982, p.14).
Antes
de Muhammad ibn Abdallah, Maomé, a região arábica era uma terra de nômades com
povos de origem semita. Não tinham
unidade política e viviam em tribos governadas por xeques. Cada grupo venerava um deus próprio, ao qual se rendia culto no mesmo santuário, a Caaba,
que ficava em Meca. O
ídolo mais importante era a “pedra negra”, sob cuja proteção encontravam-se
todos os pequenos deuses tribais da Arábia.
Esses
povos viviam do comércio e os principais centros da época eram Meca e Iatrib
(futura Medina), sendo que a importância da primeira cresceu muito, já que além
de centro comercial, era local de peregrinação de árabes.
Por
volta de 570d.C. nasceu Maomé em
Meca. Teve uma infância pobre, porém aos 25 anos de idade
casou-se com Cadija, uma viúva rica para quem ele trabalhava.
Quando
estava com 40 anos, disse ter recebido de um anjo a revelação da existência de
um único deus: Alá. Os primeiros convertidos foram seus familiares e amigos,
mas à medida que esse grupo foi crescendo em número, começou a ser perseguido,
pois os ensinamentos de Maomé iam contra os interesses dos mercadores de Meca,
a quem convinha o prosseguimento das antigas crenças religiosas que haviam
feito de Meca um grande centro comercial. Devido a essa perseguição, Maomé teve
que fugir.
Em
622d.C., deu-se a hégira (migração), foi quando Maomé e seus seguidores fugiram para
Iatrib, que a partir de então, passou a ser designada por Medina, a cidade do
profeta. A partir da hégira iniciou-se o calendário muçulmano.
Durante
o domínio de Maomé, Medina e Meca viveram dias de conflito, porém em 629d.C.,
ele conquistou a cidade de Meca e destruiu todos os ídolos que se encontravam
na Caaba, menos a “pedra negra”. Ao morrer em 632d.C., Maomé havia conseguido
unificar a Arábia, pois como nos diz Jaime Cortesão, ao pregar a religião do
Islão e a guerra santa[1] contra os infiéis, Maomé consegue elevar o seminomadismo mercantil a um
ideal religioso, fazendo com que a lei e a organização do Estado tivessem por
base a fé, sendo esse o elo que permitiu a união das tribos entre si. O fato de
a religião estar ligada ao comércio marítimo e terrestre, também proporcionou a
expansão árabe e dos povos islamizados (1984, p.61-62).
Abu
Bequer sucedeu Maomé como califa e
guia do povo. Depois, Omar o sucedeu e foi durante o seu califado que ocorreram
as principais conquistas do Islão. O islamismo prevaleceu como ordem social e
política entre esses povos de formação social semelhante ao nomadismo tribal.
Seguiu-se Otman e Ali, completando o domínio dos conhecidos Califas Piedosos,
que acabaram de consolidar a unificação da Arábia, conquistando a Palestina, a
Síria, a Armênia, dominando o Egito e a costa da Tripolitânea e anexando a
Mesopotâmia e a Pérsia.
Com a
morte de Ali, assumiu Moaviá que deslocou a capital de Meca para Damasco, na
Síria, e fundou a dinastia Omíada, que era sunita.
Foi durante esta dinastia que o império árabe teve novamente um período de
expansão, pois chegaram à Península
Ibérica e invadiram a França, sendo detidos em Poitiers por Carlos Martel, em
734d.C.
Por
volta de 750d.C., a dinastia Omíada foi destronada e substituída pela Abássida
que era xiita, fundada por Abul
Abbas. Durante essa dinastia, a capital
foi transferida para Bagdá. Na transição da dinastia Omíada para a Abássida, um
descendente Omíada, Abderramão, conseguiu escapar ao massacre e chegar à
Espanha, onde fundou o emirado de
Córdova em 756d.C.. No tempo de seu descendente, Abderramão III, Córdova foi
elevada à condição de califado em
932d.C., que representou no Ocidente a oposição a Bagdá.
Depois
dessa pequena introdução à história do povo árabe e suas conquistas
territoriais, podemos entender a suma importância de sua religião, que além de
promover a unificação entre os primeiros grupos tribais, garante ao longo do
tempo a sua expansão e hegemonia sobre os povos por eles conquistados.
Arquitetura árabe
Povo
dotado de grandes habilidades técnicas ligadas à agricultura, à indústria e à
arquitetura, assim como, de notáveis conhecimentos científicos e de artes;
foram os responsáveis pela introdução no mundo ocidental de muitas práticas e
produtos próprios do oriente, promovendo assim, uma síntese entre as
civilizações cristã e islâmica.
Presença árabe na Península Ibérica.
Segundo
A. do Carmo Reis, “foi uma crise político-religiosa da monarquia visigoda que
proporcionou a conquista muçulmana da Ibéria. Aconteceu que, após a morte do
rei Vitiza, o Concílio elegeu o cavaleiro Rodrigo para a sucessão ao trono,
escolha que não foi acatada pelos filhos do monarca defunto (...) que (...)
solicitaram a ajuda árabe” (1990,
p.25). Então, no início do século VIII, um exército árabe chefiado pelo general
Tarik invadiu a Península Ibérica e, rapidamente, se apoderou de quase todo o
território, vencendo Rodrigo na Batalha de Guadalete.
Em
718d.C., os árabes já tinham conquistado quase toda a península, menos a região
das Astúrias, onde ocorreu a Batalha Covadonga, que representou o início da
resistência que deu origem à guerra da Reconquista[2].
Nesse período, apareceram os reinos cristãos, entre os mais importantes, Leão e
Castela.
A
longa presença dos árabes na Península Ibérica e a tolerância que tinham com os
povos dominados, fez com que ficassem marcas que influenciaram a civilização
européia na economia, na sociedade e na cultura. Eles ao dominarem, exigiam
tributos, mas não incutiam sua cultura e religião, isso ocorreu naturalmente,
devido ao longo convívio. Eles deixaram também, muitas palavras e expressões
que enriqueceram o vocabulário espanhol e o português. Na área dos
conhecimentos científicos, suas principais contribuições estavam relacionadas
com a matemática, a astronomia, a náutica e a historiografia. Também foram
responsáveis pela introdução de novas técnicas agrícolas, sobretudo de
irrigação, e de novas culturas, como a da laranja, do limão e da amêndoa,
tantas outras de importância para a economia da Europa.
Para
Américo Castro, o domínio “muçulmano”
contribui para o desenvolvimento da península, já para Sanchez-Albornoz, a
presença islâmica impediu “de maneira
trágica” a evolução da Espanha (Andrade Filho, 1989, p.11). Essas posturas
antagônicas ajudam a mostrar como foi importante a presença dos árabes na
península, pois, venerados ou odiados, os árabes deixaram suas marcas
arraigadas por onde passaram.
No
que concerne à história de reconquista cristã, é importante entender que esta
tratou-se de uma “empresa coletiva em que reis, nobreza, clero e povo
participaram para expulsar os mouros da Península, (...) através de rápidas
incursões em território ocupado pelos árabes” (Reis, 1990, p.27).
Mesquita de Córdoba - Espanha
No
século XI, o Califado de Córdova se desagregou em pequenos Reinos de
Taifas, com isso enfraquecendo o Andaluz e facilitando o avanço dos reinos
cristãos para o sul (Garcia, 1981, p.35). Assim, durante as campanhas de
reconquista, D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, conseguiu conquistar Toledo e
chegar próximo ao Tejo. Na Batalha de Zalaca, ele obteve a ajuda de D. Hugo e
dos condes D. Raimundo e D. Henrique, vindos da França. Como recompensa, D.
Afonso VI deu a D. Henrique o Condado Portucalense e a sua filha D. Teresa em casamento. D. Raimundo ,
por sua vez, casou-se com D. Urraca, a outra filha de D. Afonso VI.
O
Condado passou a dever vassalagem ao rei D. Afonso VI, porém, D. Henrique
desenvolveu uma política que tinha por objetivo a emancipação em relação à
Coroa de Leão e Castela. Quando D. Henrique morreu, D. Teresa assumiu o poder,
mas deixou descontente a nobreza, quando se uniu a Fernão Peres de Trava,
fidalgo da Galiza. Como conseqüência, o Condado foi entregue ao Infante Afonso
Henriques, filho de D. Teresa.
Afonso
Henriques deu prosseguimento à política separatista de seu pai e não mais
prestou vassalagem ao rei de Leão e Castela.
Em
1140, D. Afonso Henriques passou a intitular-se rei e começou a liderar as
conquistas de novos territórios aos mouros.
“O facto mais célebre da história dos
séculos da luta contra os Mouros foi a batalha de Ourique, travada em 25 de
julho de 1139, portanto no ano imediatamente anterior àquele em que D. Afonso
Henriques começou a usar o título de rei...
...O facto foi um
combate travado com os Mouros numa das incursões (fossados) que os cristãos
frequentemente faziam por terra de mouros para apreenderem gados, escravos e
outros despojos. Inesperadamente, um exército de mouros saiu-lhes ao caminho,
mas os cristãos conseguiram vencê-los, apesar de grande inferioridade numérica”
(Saraiva, 1986, p.55).
O
interessante desse caso é que, por serem em pequeno número, os participantes da
batalha atribuíram sua vitória a um milagre de Sant’Iago. Porém, devido aos
futuros problemas com Castela, houve uma mudança na lenda, por volta do século
XV, se menciona a intervenção de Cristo e no século XVII, a de Deus, como prova
de que era, por ordem divina, que Portugal existia como emancipado. Também há
controvérsias, quanto ao verdadeiro local da batalha, pois se realmente ocorreu
nos campos de Ourique, que ficam no que hoje chamamos Baixo Alentejo, então
fica a dúvida, se realmente Afonso Henriques teria ido tão longe, já que o
ponto mais distante da fronteira era Leiria.
Camões,
o grande poeta português, transformou esse fato em belas estrofes, como as que
se seguem:
“Mas já o Príncipe Afonso aparelhava
O Lusitano exército ditoso,
Contra o Mouro que as terras habitava
De além do claro Tejo deleitoso;
Já no campo de Ourique se assentava
O arraial soberbo e belicoso,
Defronte do inimigo Sarraceno,
Posto que em força e gente tão pequeno;
Em nehua outra cousa confiado,
Senão no sumo Deus que o céu regia,
Que tão pouco era o povo bautizado,
Que, pera um só, cem Mouros haveria.
Julga qualquer juízo sossegado
Por mais temeridade que ousadia
Cometer um tamanho ajuntamento,
Que pera um cavaleiro houvesse cento”
(Camões, [19__], p.121, Canto III, Versos
42-43).
Depois
desse fato, D. Afonso Henriques lutou contra D. Afonso VII de Leão, vencendo-o
em Arcos de Valdevez. Assim, conseguiu a autonomia política de Portugal e na
Conferência de Zamora foi reconhecida a sua realeza (1143).
Conhecido
por suas conquistas, D. Afonso Henriques, com a ajuda de Cruzados, partiu para
a conquista de diversos territórios em poder dos mouros. Ele conquistou
Santarém e Lisboa em 1147.
“A tomada de Lisboa lavra a acta do
nascimento da nação portuguesa, até aí envolvida nos limbos da geração. O cerco
afigura-se-nos como o concílio internacional, uma espécie de congresso
guerreiro, em que a Europa baptiza o recém-vindo à luz da história. Criado
pelos actos geradores da vontade de um homem, abrigado pela égide da Igreja,
Portugal tem a existência confirmada pela sanção dos exércitos cruzados da
Europa. O caráter cosmopolita da sua vida futura, da sua ulterior fisionomia
política, parece ter-lhe sido desde logo imposto, como um baptismo, quando, em
frente dessa piscina do Tejo, onde fundeiam duzentas naus coroadas pelos
pavilhões de tantas nações da Europa, se estende o cordão do exército de
flamengos, lotaríngios, alemães e ingleses” (Martins, [19__?], p.77).
Castelo dos Mouros - Sintra - Portugal
Seguiram-se
as conquistas de Sintra, Almada, Palmela (1148), Alcácer do Sal (1158), Beja
(1162), Évora (1165), Moura, Serpa e Juromenha (1166). Em 1185, morre D. Afonso
Henriques, que foi sucedido por D. Sancho I. Este tomou aos mouros os castelos
de Alvor e Albufeira e a cidade de Silves, capital do Algarve (1189).
Durante
o domínio árabe no Algarve, sua capital Chelb (Silves), também chamada Chencir,
foi cantada pelos poetas, amada pelos príncipes, procurada pelos comerciantes e
cobiçada pelos inimigos. Silves foi a mais importante cidade do Algarve, desde
a queda do Califado de Córdova.
Sucederam-se
a D. Sancho I, consecutivamente, D. Afonso II, D. Sancho II e D. Afonso III,
responsável pela conquista definitiva do Algarve (1249), terminando assim, as
lutas entre cristãos e mouros em território nacional. Este passou a se
autodenominar Rei de Portugal e dos Algarves.
Portugal
surgiu como Estado Nacional em pleno século XIII, fato este, que só foi
repetido por outros países no século XVI.
O legado árabe em Portugal.
“Com raras exceções as histórias de Portugal
subestimaram ou fugiram ao registro dessa poderosa contribuição do mouro à
cultura do país. Mas não importa que se haja perpetrado a injustiça. Jamais se
conseguirá fugir à evidência da verdade histórica. Jamais poderão se apagar das
paredes centenárias de Sintra a marca indelével da cultura mourisca. Jamais
poderão desfigurar a arquitetura popular do Algarve, ou fender os monumentos
mais célebres de Portugal, todos eles marcados pelas mãos dos artífices
mouriscos ou mesmo pôr abaixo aquela Torre de Belém, onde o mourisco se funde
ao atlântico-português, como um símbolo das núpcias estilísticas” (Ornellas,
[1948?], p.135).
A
influência árabe em Portugal se faz notar não só na arquitetura, mas também na
língua, onde certamente deixou grandes contribuições. O latim lusitânico
resultou do latim vulgar trazido pelos romanos. Quando os árabes conquistaram a
Península, a romanidade desapareceu temporariamente, permitindo que a cultura e
os costumes dos mouros fossem assimilados, segundo Fernando Vanâncio e Peixoto
da Fonseco (1985). A língua árabe passou a ser falada pela elite, que era
bilíngüe, e o resto do povo continuou falando romanço, devido à influência
romano-visigótica. A língua portuguesa que teve sua origem no latim vulgar e
que depois se transformou em latim lusitânico, sob a influência árabe e de
outras línguas, passou do romanço à língua portuguesa como tal a conhecemos
hoje. Muitos dos vocábulos árabes assimilados pela língua portuguesa eram
relativos a instituições jurídicas e sociais, assim como à arte bélica. Foram
incorporados também, muitos termos relativos à cozinha e aos alimentos, às
indústrias e ao comércio, à agricultura, às ciências e às técnicas, às artes, aos
ofícios, domínios em que brilhavam, ao vestuário, animais, plantas etc (Idem,
p.99 e 204).
Podemos
exemplificar todas essas áreas com alguns vocábulos que se seguem:
Alcaide,
alcavala, alfanje, açorda, açúcar[3],
azulejo, arroba, açude, algarismo, astrolábio, mudejar, alfaiate, albornoz,
alfaraz e algodão[4].
Os
árabes foram responsáveis pela introdução de novas técnicas agrícolas em Portugal. A nora, o
açude, as acéquias ou canais, são processos técnicos de condução e elevação de
águas. Essas novas técnicas fizeram crescer a agricultura de mercado, assente
nos cereais, nos legumes e outros produtos hortícolas. Os árabes popularizaram
as azenhas e introduziram os moinhos de vento, adubaram as terras e serviram-se
de bois na lavra. Impulsionada pelo mercado, a agricultura especializou-se e
apareceram novas culturas, como a cana-de-açúcar, o algodão, o pessegueiro, o
damasqueiro, a nespereira, o limoeiro, a ameixoeira, a laranjeira, a alface, a
alfazema, a salsa e o melão. Desenvolveram também, a produção de azeite e a
utilização do fruto, a azeitona, e no Algarve secavam e tratavam o figo como
ainda hoje se faz.
Cavalo árabe
Foram
também os árabes que trouxeram para a Península o cavalo árabe, conhecido entre
eles por alfaraz. Porém, para a criação intensiva do gado cavalar eram
necessárias terras especializadas para pastos, como os lameiros ou almargens. Era preciso também, forragem para
alimentar os animais, que se constituía de cevada, luzerna ou alfafa, que
acompanharam a imigração do cavalo.
Os
árabes se dedicaram à indústria de armamentos, de couros e arreios. Até hoje em
Trás-os-Montes, se verifica a influência da indústria de arreios, pois os
cabrestos das mulas são ornados com uma estrela de seis pontas, tipicamente
árabe.
No
campo da fundição do ferro, ficaram as ferramentas, como o alicate, o almofate
(perfurador de couro), o alferce ou
picareta e a almofaça ou escova de ferro para limpar cavalos.
Na
construção civil, o arquiteto é o alarife, que consegue construir um palácio
sem alicerces ou andaimes. São utilizados pelo mestre alvanel (pedreiro), os
tabiques, o estuque, o algeroz, os alizares, a aldraba, as argolas e os
mosaicos fabricados a partir do alguergue ou barro vermelho.
No
comércio hoje em dia ainda é utilizado o sistema de pesos e medidas deixado
pelos mouros: arroba, alqueire e o almude. A rede comercial e de trânsito de
homens e animais assentava nos armazéns, nas alfândegas e nas aduanas.
No
setor administrativo, manteve-se ao longo da história de Portugal, os nomes
usados pelos árabes para denominar os dirigentes municipais, como é o caso do
alcalde ou alvasil e os fiscais de mercado, que eram chamados de almotacés e os
das finanças régias, que eram os almoxarifes. No serviço militar, o responsável
pela revista era o alardo, a sentinela era a atalaia e o oficial, o alferes.
No
que diz respeito ao bem-estar, aparecem também algumas marcas árabes quando se
menciona alcova, almofada, alcatifa, tapetes e porque não, também alcofa,
açafate, almotolia e alguidar.
Todos
os avanços técnicos coincidiram com progressos notáveis no conhecimento
científico e na arte. Interessa-nos destacar o desenvolvimento da matemática e
da astronomia por alguns cientistas árabes, que se refletiram nos
descobrimentos marítimos, já que estes se deram em virtude de uma série de inventos
que facilitaram a navegação. Os árabes desenvolveram a construção naval em
Lisboa, em Alcácer do Sal e outros lugares, onde guardavam os apetrechos de
navios e procediam à sua construção e reparação. A vedação dos navios era feita
com alcatrão. Foram os árabes que vulgarizaram no Ocidente o uso da bússola e
do leme vertical, instrumentos que muito facilitaram a aventura em alto mar.
Na
arte, destacou-se a técnica de azulejaria. Palavras de Giulio Argan sobre o
azulejo português:
“Estas são tradições afins na Espanha e na
Itália meridional. A cerâmica é uma das heranças que a cultura islâmica, ao
retirar-se, deixou sobre a costa mediterrânica. E não é pouco. A cerâmica, que
intensamente decora e reveste mesmo o exterior dos edifícios é a arte com que o
Oriente capta e reflete a luz solar fazendo dela a verdadeira matéria da
própria arquitetura.
Os componentes da cerâmica são:
A cor, o sinal ou a imagem, a superfície
vidrada. Reflectindo a luz o recorte das figuras, dos traços, dos sinais
simbólicos, assim o homem restitui ao céu carregado de significado humano, a
luz que vem do próprio céu.
É uma arte dos pobres, a cerâmica: feita
de um pouco de terra de um pouco de cor e de fogo. Mas não é uma arte pobre,
tanto mais sumptuosa à vista quanto mais simples é a sua matéria e o seu
artifício. Mas é exatamente porque os materiais
são pobres que mais requintado é o esplendor da cor e do vidrado.
É quase uma vitória da riqueza da fantasia
sobre a riqueza material” (Argan Apud Calado, [198_], não paginado).
Azulejo estilo mudejar - Andaluzia
Azulejo português - Ilha da Madeira
Painel de azulejo português
O azulejo
é uma herança árabe que se difundiu por toda a Península Ibérica, porém seu uso
foi mais marcante durante o século XV.
“A cerâmica esmaltada ou vidrada, de revestimento parietal, foi
largamente usada nas regiões da implantação muçulmana, mas só na Península
Ibérica, no final da Idade Média, se desenvolveu a placa esmaltada de formato
quadrado, em especial nas oficinas muçulmanas da Andaluzia, onde Portugal se
abasteceu abundantemente no início do Século XVI. Esta azulejaria, chamada
Hispano-Mourisca, patenteia belos ornatos relevados (de modo a impedir a
mistura das várias cores), de organização geométrica (tipicamente mourisca) ou
de caráter vegetal e naturalista (de inspiração renascentista).
A
partir de 1725 o azulejo modificou-se, de modo a satisfazer a grande procura,
ocasionada pela afluência do ouro do Brasil, de uma sociedade que necessitava
de luxo e ostentação para afirmar o seu poderio” (Meco, 1982, não paginado).
O
azulejo português foi para as ruas a partir do século XVII, pois quando a
família real mudou-se para o Brasil, levou consigo o hábito de revestir os
interiores das construções. Porém, ao chegar ao Brasil, o azulejo passou a ter
uma nova função, pois os brasileiros do século passado tiveram o feliz hábito
de revestir exteriormente as suas casas de azulejos. Houve então, uma “torna
viagem”, segundo o termo usado por Rafael Salinas Calado, pois o azulejo em
Portugal ganhou as ruas, a exemplo brasileiro, enfeitando as fachadas do
casario colonial ([198_], não paginado).
Influências árabes trazidas para o
Brasil
“Portugal era um país com uma notável infra-estrutura de construção
naval, com gente habilitada para sulcar o oceano, conhecedora de instrumentos,
cartografia e astrologia que havia aprendido no contato com os comerciantes e
marinheiros árabes e genoveses, e na própria experiência” (Reis, 1990, p.60).
Com a
descoberta do Brasil pelos portugueses se deu a passagem de costumes e técnicas
orientais a estas terras. Por ter sido a Península Ibérica conquistada pelos
árabes outrora, então sua influência se fez notar em todos os países
colonizados pela Espanha e Portugal.
No
que diz respeito ao Brasil, temos diversos autores que abordam a influência
árabe na formação de diversas características presentes em meio ao povo brasileiro.
Manoelito
de Ornellas, em seu livro A cruz e o
alfanje, dá uma série de dados sobre
a influência oriental no Brasil, dando ênfase à arquitetura. Ele cita diversos
autores que tratam em suas obras da influência árabe em diversas áreas, como é
o caso de Gilberto Freyre no livro Casa
grande e senzala. Ele escreve:
...”Há quem tenha
por exagerada a importância por nós atribuída ao Oriente na formação da cultura
que aqui se desenvolveu com a sociedade patriarcal e foi, em várias de suas
formas, condicionada pelo tipo de absorvente, de organização, de economia e de
política, de recreação e de arte, de religião e de assistência, de educação e
de transporte - e não apenas de família, no sentido biológico da palavra, que é
o patriarcal. A verdade é que o Oriente chegou a dar considerável substância, e
não apenas alguns brilhos mais vistosos de cor à cultura que aqui se formou e à
paisagem que aqui se compôs dentro de condições predominantemente patriarcais
de convivência humana, em geral, e de exploração da terra pelo homem e dos
homens de uma raça pelos de outra, em particular. E não só substância e cor à cultura;
o Oriente concorreu para avivar as formas senhoris e servis dessa convivência
entre nós; os modos hierárquicos de viver, de trajar e de transportar-se que
não podem ter deixado de afetar os modos de pensar”...
Ele continua:
...”O primado
ibérico de cultura nunca foi, no Brasil exclusivamente europeu, mas, em grande
parte, impregnado de influências mouras, árabes, israelitas, maometanas; de
influências do Oriente mescladas às do Ocidente; de sobrevivências sólidas do
Oriente não de todo dissolvidas nas predominâncias do Ocidente sobre Portugal
ou sobre a Iberia” (Ornellas, [1948?], p.149 e 151).
Oliveira
Martins também “não fugiu à confissão da imensa influência árabe sobre nossa
modesta arquitetura de expressão popular, nos começos do século XIX”, conforme
nos diz Manoelito de Ornellas ([1948?], p. 169).
No
seu texto As origens remotas do gaúcho,
Ornellas coloca que a origem do gaúcho está ligada aos árabes, mostrando assim
a diversidade cultural ibérica. Ele mostra que esta região foi colonizada pelos
espanhóis vindos do norte, da região chamada La
Maragateria ,
enquanto os que colonizaram a área da Argentina, vieram do sul da Espanha.
Como, segundo ele, os povos que habitavam La
Maragateria eram
originários do norte de África, ou seja, eram berberes, isso explica a
diferença entre o gaúcho platino e o cisplatino. Para melhor exemplificar sua
idéia, ele mostra que a indumentária do que hoje é o Rio Grande do Sul, está
baseada nos modelos maragatos, se diferenciando assim, dos modelos usados na
Argentina (1964). Castilhos Goycochêa, no seu artigo Maragatos e gaúchos da revista Província de São Pedro, também defende
essa idéia de forma semelhante (1945). Pode-se
perceber que existem alguns pesquisadores que além de aceitarem que houve
influência árabe no período colonial brasileiro, ainda usam essa idéia para
exemplificar algumas características existentes no Brasil colonial e que, por
vezes, se estendem até os nossos dias.
Gilberto
Freyre nos diz que “para o Brasil é provável que tenham vindo, entre os
primeiros povoadores, numerosos indivíduos de origem moura e moçarabes, junto
com cristãos-novos e portugueses velhos” (Freyre, 1987, p.218), mostrando assim,
que as influências árabes não chegaram ao Brasil apenas por intermédio dos portugueses.
Partindo
desse fato, podemos analisar diversos aspectos referentes aos hábitos e
técnicas assimiladas no Brasil, no período colonial. No que concerne às
técnicas agrícolas adotadas aqui, destacamos o fato de que “o mouro forneceu ao
colonizador do Brasil os elementos técnicos de produção e utilização econômica
da cana” (op. cit., p.212), além de outras técnicas e culturas mouriscas.
No
que se refere à língua, houve uma influência direta, pois se até o século XVIII
só se falou tupi, a partir daí o português predominou em todo o território,
tornando-se o maior fator de unidade na colonização do Brasil. Como a língua
portuguesa tem grande influência árabe e no Brasil ela foi amplamente
difundida, algumas palavras que hoje aqui são faladas não são mais utilizadas
em Portugal, e talvez isso se deva ao fato de que o português falado no Brasil
é o medieval[5].
Muxarabi - Balcão Mouro - Diamantina - MG
(Foto de Maurício Simonetti)
A
arte brasileira tem inúmeras influências árabes, principalmente no que diz
respeito à arquitetura, com o uso do muxarabi e do azulejo. A esse respeito,
Gilberto Freyre declara:
“Diversos outros valores materiais,
absorvidos da cultura moura ou árabe pelos portugueses, transmitiram-se ao
Brasil: a arte do azulejo, que tanto relevo tomou em nossas igrejas, conventos,
residências, banheiros, bicas e chafarizes; a telha mourisca; a janela
quadriculada ou em xadrez...” (op. cit., p.221)
Não
podemos esquecer também da influência do mudejar no barroco americano. “O
barroco na América não é uma simples transposição do espanhol ou do português.
É uma arte mestiça. E não só de duas culturas, mas um legado árabe e
mudéjar...” (Mix, 1987, p.38).
A
mentalidade existente no Brasil colonial pode ser analisada através da família
patriarcal, onde o homem tomava conta de tudo e a mulher ficava em casa e
muitas vezes, restrita a apenas alguns cômodos, assemelhando-se muito ao papel
da mulher árabe, que também vivia reclusa. Porém, existem discussões sobre esse
assunto, pois no Brasil colonial não havia só o modelo de família patriarcal,
como o que foi exposto e que era característico no nordeste brasileiro. A
família paulista, por exemplo, conforme os estudos de Eni de Mesquita Samara,
enquadrava-se nos moldes de família patriarcal romanos, onde a mulher vivia com
maior liberdade. No sul, a mulher também tinha um papel diferenciado, pois seus
maridos saiam para trabalhar e elas ficavam sozinhas em casa e responsáveis por
tudo (1983).
No
que se refere à religiosidade, também existem controvérsias, visto que no
Brasil colonial houve a influência de diversas religiões. O messianismo que
apareceu em muitos momentos da história do Brasil, não deixa de ser uma
característica islâmica, assim como o é judia, pois esta influenciou
diretamente o pensamento cristão. Pode-se também, cogitar o fato de que devido
às grandes lutas pela Reconquista cristã, o povo português tenha se tornado
mais apegado à sua religiosidade, influenciando, assim, o Brasil colonial.
Quanto
à administração, foram adotados os mesmos sistemas utilizados em Portugal. A principal
instituição administrativa portuguesa era e é o “concelho”, que no Brasil
chamou-se município[6]. Porém,
existem várias teses sobre o surgimento dessa instituição em Portugal. No livro de
Humberto Baquero Moreno, ele nos apresenta a tese de Herculano, que trata da
origem romana do município, que havia resistido às invasões dos povos
germânicos e muçulmanos. Também a de Hinojosa, que antevia nas origens dos
“concelhos” uma nítida influência dos visigodos (1986, p.11). António Borges
Coelho no seu livro Comunas ou concelhos,
diz que “os concelhos surgiram a norte e sul da Península, mas o terreno
apresentava-se fértil no Sul muçulmano, adubado pelo desenvolvimento técnico e
pela pressão social dos mercados urbanos e regionais (1986, p.167). Henrique da
Gama Barros diz “que o município romano foi implantado na Península com todo o
seu corpo de magistraturas” (1945, p.72) e quando se refere a Herculano,
completa:
“O escriptor
illustre, que principalmente seguimos n’esta matéria (...), vê (a nosso juízo
com muita plausibilidade) na origem arábica dos vocábulos, que designam as
magistraturas e os cargos dos concelhos em Leão e depois em Portugal, alcaide,
alvasil, alcalde, almotacé (...), uma prova de que o município se manteve
durante o governo dos mussulmanos” (op. cit., p.77).
Como
podemos observar diversos autores concordam com a origem romana do município,
mas também afirmam que este foi mantido durante o período árabe na Península, o
que leva a crer que este passou por algumas transformações, ficando assim
marcada a influência árabe nessa instituição, que também foi implantada no
Brasil colonial.
Os
dados fornecidos nesta pesquisa permitem-nos perceber que foi considerável a
influência árabe legada pelos portugueses no período colonial brasileiro.
Terminada
esta sucinta análise sobre o povo árabe, sua expansão e influências nas áreas
conquistadas podemos concluir que existem diferentes abordagens do assunto.
Alguns autores não se aprofundam em pesquisas sobre a presença árabe na
Península Ibérica, preferindo dar maior ênfase à influência romana, que sem
dúvida, também foi de grande importância. Porém, os árabes estiveram na
península cerca de oito séculos e deixaram significativas marcas no campo
cultural, econômico, político e social.
Com a
chegada dos portugueses ao Brasil, grande parte da influência oriental,
impregnada em seus hábitos, foi trazida para cá. Devido às diferentes condições
de vida que o português encontrou aqui, essas influências orientais muitas vezes
passaram por adaptações e readaptações, sendo que nem tudo foi assimilado.
Podemos concluir que os hábitos e técnicas árabes aqui adotados, mesmo que não
em toda a sua plenitude, tem grande representatividade.
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FONSECA, Peixoto da. O português entre as
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[1] “É a
guerra que todos os muçulmanos travam contra os infiéis, ou seja, todos os que
ameaçam o Islamismo. Lê-se com efeito no Corão: ‘Combatei em nome de Alá
aqueles que vos combatem’. A guerra santa é uma guerra pela causa de Alá” (MARSEILLE,
1990, p.10).
[2]
“Expressão utilizada para nomear o processo da formação dos reinos
cristãos da Península (Garcia, 1981,
p.38).
[3]
“...cultivado pelos genoveses e difundido pelos árabes, foi até o século XIV um
produto exótico e de luxo. Os portugueses, que o conheciam desde o século XII
(...) embarateceram-no e comercializaram-no na Europa como um dos primeiros
produtos no mercado capitalista para-mundial...” (SERRÃO, 1987, p.14).
[4] “Trazido
do oriente, possivelmente pelos árabes (...) veio em grande parte substituir o
linho, de tratamento mais moroso. O algodoeiro já era conhecido pelos
portugueses aquando das viagens a África, pois era cultivado no Algarve e no
Vale do Mondego. Mas, os Descobrimentos levaram-nos a encontrar entre os
nativos africanos a exploração desta cultura que, tendo sido estimulada pelos
mercadores do Corão vindos do Norte da África, era já objeto de um comércio
relativamente desenvolvido. O seu grande valor econômico fez com que os
portugueses intensificassem a sua produção, mormente nas regiões tropicais
(...) e o introduzissem no Brasil...” (SERRÃO, 1987, p.41).
[5] Ver
SILVA, MACHADO FILHO, 2002.
[6]
“...organismo de poder e representação local surgido nas áreas de influência
ibérica” (ARNHOLD, 1991, p.7).
Nota: Artigo originalmente publicado em:
PORTUGAL, Ana Raquel . O LEGADO ÁRABE NO BRASIL. Ibérica (Juiz de Fora), v. V, p. 4-21, 2011.
http://www.estudosibericos.com/arquivos/iberica16/legado-arabe-portugal.pdf
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